ISAG – European Business School: A IA no sector primário

A inteligência autêntica, a humana, não tem sido suficiente para perceber um conjunto de pontos óbvios. O primeiro desses pontos poderia ser a constatação de que não deixamos de evitar erros que facilmente poderiam ser descontinuados se pensássemos de forma estratégica, a longo prazo. Um exemplo? Durante anos procuramos afastar recursos do sector primário, para o adaptar à indústria, à tecnologia e a sectores mais produtivos de riqueza. Talvez o tivéssemos feito com demasiado sucesso: neste momento não somos autossuficientes, lutamos para atrair recursos e estamos certos de que há muito a transformar. Outra vez. Recordo-me bem de uma entrevista que Miguel Sousa Tavares fez ao arquitecto Ribeiro Teles em 1988: quando todos entendíamos que havia pessoas a mais na agricultura, o arquitecto respondia de forma perentória: «não podemos tirar gente da agricultura!» E justificava: «Países como França, que reduziram a sua população agrícola a 3% ou 6%, estão agora a procurar recuperar a sua ruralidade.» Defendia também o arquitecto que a produção agrícola era o suporte do mundo urbano.

Hoje, o tempo é outro. O preço dos alimentos aumentou significativamente; temos uma guerra instalada na Europa; os focos de conflito mundial alastram; a insegurança interna na Europa é um sentimento crescente. Ao mesmo tempo, Portugal é deficitário na maioria dos sectores alimentares; as exportações em sectores-chave retraem-se; temos os mesmos problemas de escassez de recursos que ensombram a economia doutros países ocidentais.

Mas temos uma nova oportunidade para garantir a sustentabilidade e para crescer. Os dados estão lançados. Todos sabemos o que importa fazer: começar a trabalhar com inteligência; a natural, mas também a artificial.

As vantagens da utilização da inteligência artificial são evidentes: permite o controlo de processos, a redução de custos e de erros, a diminuição do tempo de trabalho e o foco no controlo (em vez do foco na operação); o registo de modelos de sucesso e a sua partilha opcional com outros agentes; optimiza a comunicação; fomenta as vendas. Os gestores sabem disso. Só não sabem como implementar estas ferramentas e como transformar os actuais modelos de trabalho. E a resposta também é simples. As ferramentas são mais fáceis de entender do que parece. E os processos continuam a exigir a disrupção que sempre fez dos bons gestores elementos diferenciadores nas equipas de trabalho.

Para os que quiserem um exemplo, consultem a winepedia.io – o chat GPT dos Vinhos. Nele será possível que os profissionais e os amantes do vinho, dentro de pouco tempo, encontrem informações com uma margem de erro muito próxima do zero. Ali qualquer viticultor poderá encontrar respostas para problemas novos; qualquer enólogo poderá pesquisar soluções para problemas específicos; e, com o tempo, qualquer apreciador de vinho poderá tornar-se especialista. A plataforma ainda está em desenvolvimento, mas já está disponível para que todos possam experimentar.

O Estado, as associações e as organizações, com destaque para as instituições de ensino superior, como é o caso do ISAG – European Business School, têm aqui um papel verdadeiramente distintivo ao despertar as empresas. Mas serão estas que terão de arriscar, avançar e transformar. É todo o país, uma vez mais, que está em causa. E, noutros países, a 4.ª Revolução já começou.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “MBA, pós-graduações & formação de executivos”, publicado na edição de Maio (n.º 218) da Executive Digest.

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