Galp: Datathon. Competir pela refinação 4.0
A Galp reuniu na sua refinaria de sines meia centena de engenheiros e de cientistas de dados de universidades portuguesas e europeias, numa competição de data science que visou potenciar a capacidade global do aparelho refinador da empresa.
Quem entrasse de repente naquele open space da Refinaria da Galp, em Sines, sem saber o que se passava, estranharia seguramente o cenário inusitado. Dezenas de pessoas espalhadas por mesas e puffs, outras sentadas no chão, na sua maioria com a cabeça mergulhada em portáteis, perscrutando gráficos e analisando números.
Pequenos grupos discutiam ideias vigorosamente, em português, inglês ou castelhano, enquanto outros, mais cansados, se debatiam com a linguagem universal do sono. A explicação? Resume-se numa palavra: Datathon. A refinaria de Sines foi palco de uma competição entre cientistas de dados e engenheiros de várias universidades portuguesas e europeias.
O evento – denominado Datathon e organizado pela unidade de Transformação Digital da Galp –, decorreu no final de 2019 e reuniu estes data scientists em torno de um desafio: optimizar a performance de uma unidade da refinaria de Sines, potenciando assim a capacidade global do aparelho refinador da Galp. Foram 48 horas ininterruptas de trabalho em torno de uma bateria de dados sobre o funcionamento daquela unidade, disponibilizados pela Galp para que as equipas os analisassem, formulassem hipóteses, validassem conclusões e apresentassem, por fim, as suas soluções assentes em sistemas de machine learning ao júri da competição.
De olhos postos num prémio final de 50 mil euros estavam os cerca de 50 representantes da Universidade de Valência, da Universidade de Castilla-La Mancha, do Liverpool John Moores University, do Instituto Superior Técnico, da Universidade de Coimbra, da Universidade de Aveiro, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
Integrada na estratégia global da Galp para o desenvolvimento de soluções inovadoras que melhorem a eficiência das suas operações e processos e que contribuam para a redução de custos, esta iniciativa na refinaria traduziu também o compromisso da empresa na sua abertura ao ecossistema global de inovação – entretanto materializado, já em 2020, com a criação formal de uma Fábrica de Inovação com sede em Lisboa.
Mas a Datathon representou também um novo passo firme no reconhecimento do papel fundamental que o big data tem na procura de soluções para os desafios que a indústria energética enfrenta. «O big data, e de uma forma mais geral a digitalização, são a base essencial para anteciparmos acontecimentos e reagirmos em tempo útil, minimizando a perda de valor», sintetizou o COO da Galp com o pelouro da refinação, Carlos Silva.
Sublinhando o empenho da Galp em «seguir a senda da transformação », o Chief Information and Digital Officer da Galp, Nuno Pedras, também constata que esse «é um processo irreversível, quer pelo caminho que a própria Galp estabeleceu para o seu futuro, quer pelas mudanças que atravessam toda a indústria».
«Os dados são o new fuel e o machine learning, a inteligência artificial e outras técnicas analíticas permitem dar um salto qualitativo e mensurável no conhecimento na tomada de decisões inteligentes, que transformam o negócio. A indústria 4.0 é um claro exemplo de que a utilização destas técnicas facilita a convergência OT/IT (Operational technology/Information technology). A abertura a parcerias com a academia em áreas de vanguarda do conhecimento podem contribuir para acelerar este processo de transformação», resume Nuno Pedras.
Nesse contexto, de resto, a Galp tem actualmente em desenvolvimento dois projectos estruturantes nesta área, sustentados por ferramentas de Data Analytics e Inteligência Artificial. «Temos, por um lado, o MPDP ou Predictive Business Management – numa óptica de adaptação permanente da nossa cadeia de aprovisionamento, produção e supply, às vicissitudes do dia-a-dia, venham elas dos nossos clientes ou dos nossos fornecedores – e, por outro, o projecto Refinação 4.0, orientado para a excelência operacional e que tem no mobile operator a sua face mais visível, apoiando todo o ciclo de trabalho diário dos nossos Operadores de Exterior e Supervisores de Manutenção », explica Carlos Silva.
No caso concreto da Datathon, o desafio proposto pela Galp estava associado aos ciclos de trabalho de uma unidade processual da refinaria de Sines. O aparelho refinador da Galp tem sido objecto de um trabalho de modernização constante, onde se integra com grande afirmação a digitalização procurando-se um crescente envolvimento das suas equipas e melhoria da eficiência das operações.
A análise final às propostas que cada equipa apresentou para responder ao desafio proposto pela Galp foi feita por um júri presidido pelo Presidente da Administração do INESC/TEC, José Manuel Mendonça. E na sessão de encerramento, entre elogios ao processo de aprendizagem colectivo que a competição suscitou entre participantes e organizadores, o prémio acabou por ser repartido entre duas propostas: a da Universidade de Aveiro e da Universidade John Moores de Liverpool.
Isto porque, embora diferentes entre si, as propostas acabaram por ter um cariz de complementaridade, apresentando perspectivas e soluções baseadas em conhecimento puro de engenharia e data analysis. Uma decisão que acabou por fechar com chave de ouro o objectivo de testar hipóteses que reforcem o caminho que a Galp está a trilhar no âmbito da refinação 4.0, assente em soluções inovadoras, mais eficientes, mais sustentáveis e com menos custos.
E que manteve, assim, a porta aberta a novas edições de Datathon com a chancela da Galp.