Exportações de base tecnológica
A galp é, desde há muitos anos, o maior exportador nacional, responsabilidade que resulta de muito investimento em tecnologia e sistemas de informação nas suas refinarias
Sempre que os dados do Instituto Nacional de Estatística revelam grandes oscilações na balança comercial portuguesa, os analistas mais objectivos e pragmáticos apressam-se a olhar para a economia real, e desde logo para a actividade das duas refinarias da Galp – em Sines e Matosinhos – as duas maiores fábricas exportadoras nacionais. No seu conjunto, os produtos processados pelas duas refinarias vendidos para o exterior no ano passado totalizaram 3,1 mil milhões de euros, valor que r presentou 5,4% do total das exportações portuguesas no mesmo período.
O valor ficou sensivelmente em linha com o anoanterior, apesar de uma redução assinalável na quantidade de produtos vendidos, dado que o ano de 2018 ficou marcado por paragens programadas em ambas as refinarias, não só para trabalhos de manutenção, como para instalação de novos equipamentos.
De facto, o papel exportador da Galp vai muito além de uma mecânica repetitiva de importação de barris de petróleo, a sua transformação em combustíveis e outros produtos, e o seu reencaminhamento para clientes finais ou para os mercados externos.
Pelo contrário, as refinarias são hoje equipamentos que incorporam cada vez mais tecnologia de ponta, encontram-se na vanguarda do processo de digitalização, e são operações em que a gestão da informação ganha uma preponderância crescente em relação ao mero processamento de produtos.
REFINAÇÃO 4.0
Um dos programas em curso que maior contributo dará para que as refinarias da Galp reforcem a sua competitividade é a iniciativa Refinação 4.0, que visa capturar os benefícios das operações orientadas por dados.
Através de vários projectos que começaram a ser implementados em 2018, como a actualização da infraestrutura de rede nas refinarias, a integração de ferramentas de comunicação, a gestão visual através do uso de painéis de controlo online de business intelligence, assim como, a digitalização do processo de planeamento.
Este movimento prossegue nos próximos anos com a introdução de dispositivos móveis para gestão de tarefas e disseminação de ferramentas colaborativas modernas, digitalização de armazéns, análise de dados, ferramentas de segurança de colocação junto ao corpo, realidade aumentada e virtual, drones e robótica, bem como modelos 3D de plantas de refinaria que devem melhorar a eficiência das operações.
Adicionalmente, a Galp tem vindo a implementar um projecto de cadeia de aprovisionamento que integra uma vasta gama de dados num sistema sofisticadoe flexível para garantir maior visibilidade e responsabilidade. Isto permitirá fortalecer a implementação de projectos de Refinação 4.0, centrando-se na previsibilidade e adaptabilidade para promover tomadas de decisão com valor acrescentado.
Em 2018, o volume de investimento nas refinarias e na modernização da rede de retalho totalizou 258 milhões de euros, um valor que compara com 145 milhões de euros em 2017.
VISÃO GLOBAL
As decisões de investimento num sector em que o prazo médio de utilização dos equipamentos se mede em décadas, estão sujeitas a apuradas avaliações das tendências de mercado de médio e longo-prazo, sempre delicadas, e mais ainda nesta altura em que o sector energético se encontra em acelerada transformação face à necessidade de descarbonização da economia para combater as alterações climáticas. Alguns dos equipamentos instalados em 2018 prosseguem este objectivo, nomeadamente a implementação de um refrigerador catalítico que, além de trazer melhorias operacionais, vai diminuir a dependência de matérias-primas importadas e aumentar a eficiência energética, contribuindo para reduzir a pegada carbónica da refinaria.
A antecipação das tendências de mercado em resultado do combate às emissões de gases com efeitos de estufa verifica-se também em áreas operacionais como as bancas marítimas – ou seja, o abastecimento de navios – que a partir do final deste ano serão obrigados pela Organização Marítima Internacional (IMO) a reduzir o teor de enxofre dos combustíveis que utilizam para 0,5%.
A Galp irá alinhar a sua oferta de produtos marítimos com os novos requisitos. Durante 2018, testou o aparelho e produziu lotes de fuelóleo de acordo com as novas especificações, que foram enviados para alguns dos clientes para testes, com resultados positivos.
Os abastecimentos a navios – e também a aeronaves – representam igualmente uma boa parte das exportações. Em 2018, as operações de bancas registaram um crescimento de 5% em volume e de 33% em valor, ultrapassando os 500 milhões de euros. Os principais produtos de exportação da Galp foram o gasóleo e a gasolina, e os principais mercados de destino foram Espanha e os EUA, grandes consumidores de gasolinas.
As exportações contribuíram, desta forma, para que mais de 80% do EBITDA da Galp no ano passado tenha sido gerado nos mercados internacionais.
Embora os combustíveis fósseis continuem a ser o meio predominante para dar resposta à procura primária de energia durante as próximas décadas, o mundo enfrenta uma transição energética, deparando-se com o desafio de prover a sociedade com fontes de energia mais limpas e confiáveis enquanto se reduzem as emissões.
A Galp assume que a transformação estrutural na procura de energia implicará a criação de soluções inovadoras e cada vez mais sustentáveis a nível económico, ambiental e social. E isso será regra não só no mercado nacional, mas em todos os cantos do mundo.