EDP : Entusiastas da inovação aberta

A EDP é hoje uma empresa muito mais inovadora e aberta às ideias que vêm de fora do que há 10 anos. Existe uma transformação cultural dentro da empresa que é bem visível e que está em curso, e o esforço desenvolvido visa tornar a empresa mais competitiva e com melhor capacidade para servir os seus clientes. «Para isso, acreditamos que é fundamental desenvolver know-how e novas competências bem como criar um ecossistema de inovação em torno dos desafios e das oportunidades da EDP. Além disso, é decisivo, fazer apostas selecionadas em novos negócios e promover uma cultura de inovação na empresa para que integre o nosso dia-a-dia», explica Luís Manuel, administrador da EDP Inovação.

Actualmente, vive-se um momento interessante no sector da energia, não só pelos ambiciosos objectivos de descarbonização, mas também pelo processo de convergência sectorial e tecnológica pelo qual todas as economias estão a passar. A empresa olha com grande interesse e entusiasmo para estes processos: nos negócios mais próximos do cliente final, está muito atenta aos desenvolvimentos no campo da mobilidade eléctrica, acreditando no valor das comunidades energéticas e dos modelos peer-to-peer, ao mesmo tempo que se encontra focada na digitalização da interface com o cliente. Ao nível das redes, existe um esforço na capacidade de aquisição e tratamento de dados, e na utilização de inteligência artificial de forma a melhorar a gestão da infra-estrutura.

No que envolve a grande geração, olha para estratégias inovadoras de Operations & Maintenance, nomeadamente com recurso a drones e a tratamento de imagem com inteligência artificial, manutenção preditiva ou realidade aumentada. Por outro lado, mantém bastante interesse em novas tecnologias de produção como o eólico offshore flutuante ou o solar flutuante. Ainda neste campo, tem acompanhado com especial atenção o papel que o hidrogénio, produzido a partir de electricidade renovável, pode ter na descarbonização das economias. A EDP está igualmente a trabalhar nas áreas de armazenamento de energia e demand side management como via de reforçar a flexibilidade do sistema eléctrico, num momento em que o crescimento da geração renovável aumenta a sua complexidade de gestão. Tecnologias como a inteligência artificial, blockchain, realidade aumentada, internet das coisas, cibersegurança ou quantum computing assumem igualmente uma importância transversal.

Cerca de 40% do seu EBITDA de 2018 é proveniente de um negócio que praticamente não existia há 12 anos, a geração renovável. Mas a dimensão atingida decorre de muitas outras componentes fundamentais da empresa e das suas pessoas como a capacidade organizacional, a capacidade financeira ou a capacidade de abertura de negócio em novas geografias. «São vários os casos de sucesso que saíram deste esforço de inovação. Todos os anos recebemos mais de mil propostas detalhadas de startups no nosso sector e, como consequência disso, temos um crescente número de relacionamentos activos com mais de 100 empresas, que são parte integrante do ecossistema de inovação da EDP. Realizámos perto de 40 investimentos em capital de risco, actividade que em 2019 teve um contributo relevante ao nível dos resultados. É também importante assinalar que a EDP Inovação envolve anualmente nas suas diversas iniciativas entre 700 a 800 pessoas do grupo», explica o administrador.

AS MELHORES IDEIAS

A EDP tem mais de uma centena de empresas com relacionamento activo em projectos de inovação e perto de 40 empresas com investimento EDP Ventures, o que significa que existem muitas propostas tecnológicas e de negócio extremamente interessantes. A Principle Power, líder mundial na eólica offshore flutuante com a tecnologia WindFloat; a Feedzai, líder global na prevenção e combate à fraude em meios de pagamento; a Defined Crowd, empresa de Inteligência Artificial actualmente em enorme crescimento; e a Energyworx, que apresenta uma solução de gestão de dados para o negócio de distribuição são alguns nomes que se destacam. Por outro lado, o trabalho que a SolShare está a fazer ao nível da optimização dos sistemas solares em zonas remotas, via criação de um sistema de transacções de energia entre membros de pequenas comunidades, é algo que pode ter um profundo impacto à escala global – isto porque transforma a energia solar perdida nas horas de pico de produção e ausência de consumo residencial em valor económico para comunidades isoladas (e desfavorecidas do ponto de vista económico). A EDP sublinha ainda a iniciativa que está a realizar com a Loqr, uma startup da zona de Braga, do ponto de vista da gestão da autenticação digital que, em breve, poderá tornar mais fácil a interacção com os clientes. Existem também diversos projectos de inspecção de linhas, que envolvem outras empresas e que prometem revolucionar esta importante parte da operação dos activos de rede.

OS 3DS

Descarbonização, digitalização e descentralização. A transição energética assente nos “3Ds” é um desafio fundamental para o sector e é um processo que a empresa está a liderar. Para que essa transição seja bem-sucedida é necessário apostar nas tecnologias e nos modelos de negócio emergentes. «Nós somos entusiastas da inovação aberta e acreditamos que a maioria das soluções para os nossos desafios será proveniente de fora da empresa, não obstante termos excelentes ideias dentro da EDP. É por isso que desenvolvemos diversas iniciativas de apoio às startups, que nos permitem trabalhar com empreendedores através de mecanismos de apoio como o EDP Starter, o Starter Program ou o Free Electrons, que contribuem para aproximar a EDP das startups, tornando-se a pedra de base do ecossistema que estamos a desenvolver», explica Luís Manuel.

A EDP é muito activa no envolvimento com as startups, o que permite contactar com as melhores no sector da energia em todo o mundo. Outras iniciativas como a Web Summit, os programas de imersão em inovação – que incluem visitas estruturadas aos mais robustos ecossistemas de inovação à escala global, como Silicon Valley e China – ou os diversos hackathons que organiza são também importantes, sem esquecer o papel que a actividade de capital de risco, através da EDP Ventures, tem neste tema.

Nunca se assistiu a um movimento tão forte de inovação tecnológica e de modelo de negócio. As propostas interessantes são incontáveis e a sua origem é cada vez mais diversificada. No entanto, o grande desafio é identificar as mais adequadas a cada empresa. A EDP tem investido entre 70 e 80 milhões de euros por ano em inovação, com tendência crescente. De acordo com este responsável, o panorama português de inovação tem «progredido muito na última década, mas há muito ainda por fazer. Por um lado, é necessária uma abordagem global e integrada para o ecossistema, focada em atrair talento e recursos externos e, acima de tudo, apostar na conexão com os grandes centros de inovação mundial. Por outro, é fundamental a existência de um conjunto de áreas de foco, por forma a ganhar escala crítica. E, neste campo, a energia sustentável ou a transição energética podem fazer parte dessas áreas de foco porque temos players no sector com dimensão, sendo a EDP um líder mundial nestas áreas».

Em 2019 ficou clara a inevitabilidade e a ausência de alternativas (desejáveis) ao processo de transição energética à escala global. Há sempre algumas vozes dissonantes, mas a tendência é clara e confirmada tanto pelas notícias negativas relacionadas com o crescente número de eventos climáticos extremos como pelas boas notícias que se vão recebendo ao nível da disponibilidade e crescente competitividade das tecnologias limpas. A inovação desenvolvida até aqui, com aplicação ao sector da energia, viu confirmada a sua extrema utilidade económica e social. Luís Manuel, administrador da EDP Inovação, enumera alguns dos principais desafios: «Os desafios da transição energética já aqui referidos amplamente, o desafio da recolha, organização e processamento de dados, com vista à extracção do seu valor para melhor servir os clientes sempre com respeito pelos valores fundamentais que suportam a sua protecção, a cibersegurança e ainda o desafio da competição pelo talento.»

Cada um destes temas é alvo de grande atenção e de estratégias próprias para atingir os objectivos. Numa abordagem mais holística, a EDP considera que o mais importante é reforçar a abertura da empresa à inovação e apostar no desenvolvimento das suas pessoas, com base numa matriz de inovação aberta. É isso que está a fazer. «Temas como os da mobilidade, competitividade da geração renovável, gestão de dados das nossas infra-estruturas, entre outros, continuem no topo da agenda. Mas o que tem de continuar a ser a prioridade é reforçar a aposta em inovação aberta e a disseminação de uma cultura de inovação», conclui o administrador.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Inovação”, publicado na edição de Fevereiro (n.º 167) da Executive Digest.

 

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