Celfocus: Os desafios na segurança de desenvolvimento de soluções

A proteção contra ameaças cibernéticas é uma prioridade que não pode ser negligenciada num ambiente digital em constante evolução.

Num mundo cada vez mais digitalizado, onde produtos, serviços e processos do dia a dia dependem fortemente de software, a importância do desenvolvimento de software seguro não pode ser subestimada. As repercussões de uma falha de segurança podem ser devastadoras, o que mancha a reputação de uma empresa e leva a perdas substanciais. Há, portanto, vários desafios que se colocam na segurança do desenvolvimento de software, tornando ainda mais crucial adotar uma abordagem proativa e holística para garantir a segurança destes sistemas. A proteção contra ameaças relacionadas com cibersegurança é uma prioridade que não pode ser negligenciada num ambiente digital em constante evolução. Nesse contexto, a segurança de software surge como uma salvaguarda essencial, que assegura não apenas o funcionamento contínuo de sistemas críticos, mas também a confiança dos utilizadores e a integridade das atividades comerciais.

IGNORAR RISCOS DE SEGURANÇA
Um dos desafios mais prevalentes no desenvolvimento de software é a tendência de ignorar os riscos de segurança. Não abordar esses riscos pode deixar uma organização vulnerável a ataques maliciosos, o que pode recitar em roubo ou manipulação de dados sensíveis. Os riscos de segurança frequentemente resultam de vulnerabilidades, que são fraquezas ou lacunas num programa de segurança que podem ser exploradas por ameaças. Como praticamente todos os negócios dependem de informações, qualquer comprometimento dos sistemas de informação pode resultar em consequências graves, incluindo danos à reputação e perdas financeiras.
Além disso, as ameaças de segurança não se limitam a atacantes externos. Surpreendentemente, uma percentagem significativa de ataques tem origem interna, sendo as empresas de serviços públicos particularmente suscetíveis. Educar equipas sobre protocolos de segurança e o seu papel na manutenção da segurança é crucial para proteger produtos e serviços. Um recente estudo reportado pela InfoWorld. Com, mostrou que muitos programadores entendem a importância da segurança, mas têm dificuldade em alocar tempo suficiente devido a prioridades concorrentes.

SEGURANÇA COMO ÚLTIMA AÇÃO
A segurança não deve ser uma ação final no processo de desenvolvimento de software. Não é algo que pode ser adicionado posteriormente ou comprado como um produto. Em vez disso, a segurança é um processo contínuo e evolutivo que deve ser integrado desde o início e continuamente aprimorado – “Shift Left Security”. Esperar até as fases posteriores do desenvolvimento para abordar questões de segurança pode aumentar significativamente o custo e o esforço necessários para corrigi-las.
A implementação de uma estratégia de teste robusta, incluindo testes de segurança, no início do ciclo de desenvolvimento pode economizar recursos, tempo e dinheiro, permite assim identificar e corrigir questões de segurança num momento mais próximo da “criação” do problema. A segurança deve ser considerada “por design”, o que significa que as soluções precisam ser construídas tendo a segurança como um elemento obrigatório.

SEGURANÇA DE APLICAÇÕES
A Segurança de Aplicações (AppSec) é um aspeto crítico da segurança de software em geral. Esta componente abrange processos para aprimorar a segurança e a resiliência de soluções de software. O seu foco passa por promover a segurança no desenvolvimento do código, das bibliotecas, dos sistemas de back-end, dos servidores web e das aplicações.
A atenção recente dada à AppSec levou ao desenvolvimento de projetos e guias de boas práticas.
O Open Web Application Security Project (OWASP) é uma organização notável dedicada à segurança de aplicações da web. O OWASP Top 10 é uma lista bem reconhecida das dez principais ameaças de segurança, atualizada recorrentemente. Além disso, o OWASP Application Security Verification Standard (ASVS) estabelece uma boa prática para testes de segurança de aplicações web, que especifica o grau de abrangência e o nível de teste com base na sensibilidade das informações e na exposição.

A ABORDAGEM CERTA PARA A SEGURANÇA DE APLICAÇÕES
As empresas devem promover uma abordagem holística para a Segurança de Aplicações e essa abordagem deve ser construída sobre três pilares principais: Processos, Práticas e Cultura.

PROCESSOS
O foco está nos artefactos, soluções e políticas de suporte relacionadas com a implantação segura de software. Isso inclui controlos automáticos de segurança, soluções centralizadas de gestão de vulnerabilidades e políticas que estruturam a abordagem de entrega.

PRÁTICAS
Preocupação em fornecer às equipas as melhores práticas documentadas para o desenvolvimento de software seguro por meio de diretrizes, formação e sessões de demonstrações mensais.

CULTURA
Promover a consciencialização sobre segurança de soluções em equipas de projeto, com o incentivo a uma cultura de partilha de conhecimento e aprendizagem contínua.
A abordagem deve ser abrangente e garantir que a segurança é integrada em todos os aspetos do ciclo de desenvolvimento de software, desde o design e codificação até os testes e implementação. Essa filosofia de “Shift Left Security” enfatiza a importância de abordar questões de segurança no início do processo de desenvolvimento.

A SEGURANÇA É UM PROCESSO CONTÍNUO
Num mundo em que o software é a base de quase tudo, garantir a sua segurança é fundamental. Os três principais desafios na segurança de desenvolvimento de software – ignorar riscos, não a tratar como uma prioridade e não dar a devida importância à Segurança de Aplicações – destacam a necessidade de medidas proactivas.
Ao abordar a segurança em todas as etapas do processo de desenvolvimento, integrar a segurança desde o início e promover uma cultura de consciencialização sobre segurança, as empresas podem melhor proteger os seus clientes, ativos e reputação num cenário digital cada vez mais interconectado. Devemos nunca esquecer de que a segurança não é um produto, mas um processo, e deve ser uma preocupação de todos desde o início.

» Pedro Tarrinho, Head of Application Security, Celfocus

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Cibersegurança”, publicado na edição de Outubro (n.º 211) da Executive Digest.

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