Cavalinho: Espírito Inovador

A presença em vários segmentos de mercado, não é um acaso. Deve-se ao facto da Cavalinho querer proporcionar ao consumidor uma experiência mais completa, entre aquilo que ele deseja e o que é exequível produzir. Em entrevista à Executive Digest Rúben Azevedo, CFO, explica os principais desafios e oportunidades da marca para o futuro.

A Cavalinho, fundada em 1975, cresceu para se tornar numa das empresas mais reconhecidas em Portugal. Como é que uma marca com quase 50 anos mantém um forte espírito criativo e inovador?
De facto, são quase 50 anos de história e devemos confessar que é uma sensação maravilhosa sempre que relembramos determinadas etapas pelas quais passamos, algumas claramente desafiantes, e constatamos que fomos capazes de fazer acontecer. Analisar isto faz-nos persistir com um espírito motivador que nos inspira a criar. As visitas que fazemos às principais feiras internacionais de moda, são também uma fonte de inspiração e permitem-nos perspectivar novos projectos a trazer para a marca, mais do que apenas tendências, uma maior agregação de valor ao produto que colocamos no mercado. Temos também a sorte de receber feedback constante por parte dos consumidores e de eles próprios, transmitirem-nos muito aquilo que gostariam de ver na Cavalinho e, a partir, daí adequamos a nossa arte.

Quais os valores que têm acompanhado a marca desde sempre? Quais os valores fundamentais que privilegiam?
A confiança, transparência e inovação são os três principais valores que melhor nos caracterizam e acompanham desde sempre. Assumimos um compromisso com o cliente, desde o momento em que compra um produto nosso e queremos que os próprios sintam essa confiança e transparência nos processos. Existe um investimento constante nos métodos de fabrico para promover o aperfeiçoamento das técnicas, sem nunca perder o cunho artesanal – que é a nossa imagem de marca. Depois, o que mais nos projecta e dá asas para voar é o espírito de união que temos dentro de portas. Construímos uma estrutura sólida com quase 250 pessoas. Hoje assumimos ser uma verdadeira família porque, efectivamente, somos. É algo que privilegiamos, e sempre que recebemos visitas externas, fazem questão de referenciar porque sentem este espírito. O meu pai e fundador da Cavalinho, Sr. Manuel Jacinto, sempre fez questão de fomentar esta conexão positiva entre todos e continua a transmitir-nos a importância de isto acontecer para que a marca cresça. Tentamos garantir a satisfação de todos com o ecossistema laboral, porque são o nosso principal alicerce. É importante acompanharmos de perto, reconhecer as necessidades e motivações pessoais. É o primeiro passo para reter os talentos e fazer com que tudo o resto flua de uma forma o mais saudável possível. A nossa estratégia parte de uma liderança próxima do colaborador e tencionamos continuar a trabalhar neste molde.

Na vossa opinião, como se diferenciam da concorrência?
Ter uma marca com produção própria, em Portugal, é claramente desafiador. Diferenciarmo-nos, ainda mais. Acreditamos que todas as marcas portuguesas vão concordar com isto. É necessária uma resiliência constante a todos os níveis. Sermos disciplinados nos processos, focados nos objectivos e, encontrar um equilíbrio quase perfeito entre acreditar no nosso produto, ouvir o mercado e tentar acompanhar. Lutamos para que os entraves não sejam superiores ao quanto queremos entregar um produto premium ao consumidor e é aqui que as marcas podem encontrar formas de se distinguirem. No nosso caso, assumimos uma identidade muito própria, através de um produto feito à mão com uma durabilidade acima da média. Contamos histórias com os produtos que lançamos e conseguimos criar uma verdadeira ligação com o consumidor. A nossa presença em vários segmentos de mercado, não é um acaso. Deve-se ao facto de querermos proporcionar ao consumidor uma experiência mais completa, entre aquilo que ele deseja e o que é exequível produzirmos. Começamos com as bolsas e acessórios, hoje, temos destaque no calçado, introduzimos os artigos de viagem e, recentemente, as fragrâncias. Não só as femininas e masculinas, mas também as fragrâncias para casa. Na nossa opinião, esta força de inovação distingue-nos e abre-nos janelas de oportunidades para continuar a surpreender o consumidor.
É óbvio que o know-how dos processos artesanais e o rigoroso controlo de qualidade são por si só uma grande vantagem competitiva. As nossas etapas de produção são exigentes e permitem-nos garantir altos padrões de qualidade e a precisão dos acabamentos. Tudo isto soma para que se crie a relação de confiança que referimos anteriormente e para que o consumidor nos procure e posicione num segmento de produtos com valor acrescentado.

Como trabalham a relação com os clientes?
Agora que temos lojas físicas por todo o país, conseguimos trabalhar o atendimento e uma relação de proximidade com os clientes de uma forma contínua e estratégica. Estamos a trabalhar para tornar a assistência pós-venda cada vez melhor na Cavalinho. É um dos projetos mais importantes que temos em mãos e que continuará a ser explorado em 2024.

Quais os momentos históricos que gostariam de destacar ao longo destas décadas entre os consumidores portugueses?
Contamos com momentos verdadeiramente marcantes desde o início da marca. Podemos destacar, por exemplo, o presépio que foi algo verdadeiramente histórico e que ainda hoje é relembrado carinhosamente por todos. Foi considerado o Maior Presépio do Mundo em Movimento, escalou e atingiu uma dimensão que nunca imaginamos. Chegamos a receber quase um milhão de visitas num ano. Foi mágico e acrescentou-nos muito, pelo espírito que criamos durante todos esses anos.
Tivemos a felicidade de conseguir abrir 21 lojas oficiais pós-pandemia, o que exigiu imenso da nossa parte, mas hoje consideramos que, numa altura em que a expectativa de crescimento das marcas era muito reduzida, foi potenciador.
Mas gostaríamos de destacar este ano em particular. Foi um ano extremamente intenso pela diversidade de projectos em que quisemos estar presentes. Entraram novos produtos na marca, desenhamos outros tantos que estarão cá fora em breve e aperfeiçoamos o que integra a nossa linha de continuidade, para que possa continuar a estar à altura das expectativas do consumidor. O ponto alto foi, sem dúvida, a distinção que recebemos por parte da SuperBrands, como Marca de Excelência Portuguesa. É algo que está a ter um impacto brutal e que representa muito para a Cavalinho.

Quais são os vossos planos para o futuro?
Bem… não teríamos páginas suficientes. Gostamos de sonhar e projectar, temos largos momentos de brainstorming, mas somos focados no presente na mesma medida, e nem todos os projetos são planos para o “hoje” ou para um futuro próximo. A nossa prioridade tem sido e continua a ser, tornarmo-nos uma marca transversal entre as faixas etárias. Temos um novo projecto que será lançado no primeiro trimestre de 2024 e está previsto um investimento progressivo na inovação para apresentar as melhores soluções ao consumidor.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Empresas com História”, publicado na edição de Dezembro (n.º 213) da Executive Digest.

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