AESE Business School: O programa descentralizado que forma líderes há quatro décadas

A experiência da AESE Business School, enquanto a escola de negócios mais antiga de Portugal, tem no Programa de Alta Direcção de Empresas (PADE) um importante activo. Direccionado para empresários e dirigentes em posições C-Level, que aspirem a descobrir novos caminhos para gerar crescimento, parte de um estimulante processo formativo e de uma abordagem integrada – multifuncional e multidisciplinar – da gestão das organizações, de forma simultaneamente relevante, rigorosa e não trivial. Com duas edições anuais, uma em Lisboa e outra no Porto, é também a prova viva de que descentralizar a formação de topo é possível, tem resultados e reforça o posicionamento da instituição entre as lideranças.

Criado em 1980, ano em que a AESE Business School foi fundada, o PADE continua a ser relevante? Para o director do programa em Lisboa, Pedro Ferro, a resposta é um firme “sim”. «A actualidade do PADE resulta da vitalidade de um modelo de formação que conjuga o que é fundamental, permanente e “clássico” no governo das organizações, com a atenção criteriosa às novas tendências e desenvolvimentos – contextuais, gestionários, tecnológicos, financeiros, psicológicos, sociológicos, entre outros – neste domínio. Por outro lado, essa vitalidade provém também de um conceito de empresa e de governo que não separa o chamado doing well do doing good», nota.

Pedro Pimentel, que dirige o PADE no Porto, alinha no mesmo discurso. «É um programa de aperfeiçoamento da actividade de direcção e gestão destinada às pessoas com maior nível de responsabilidade, associado a uma maior capacidade de decisão, dentro das instituições. A metodologia usada obriga a estudar diferentes situações empresariais, a reflectir sobre estas, depois de muitos anos de vida profissional e a partilhar as conclusões e dúvidas com os colegas. Assim se incentiva uma atitude de “aprender a aprender”, que se manifesta de forma quase imediata nas instituições de onde procedem», explica.

A revista The Economist descreve a Alta Direcção de Empresas como um impossible job, lembra Pedro Ferro, por ser «uma actividade crescentemente assustadora, mas também mais importante do que nunca». «À complexidade habitual acrescem os desafios do presente: a transição digital e a energética, a inteligência artificial generativa, inéditos modelos de negócio, a captura e retenção de talento, o trabalho remoto ou híbrido, a agilidade, a sustentabilidade bem-entendida, a vulnerabilidade das cadeias de fornecimento, a desordem e fragmentação geopolítica ou a crise climática », enumera. O responsável do PADE em Lisboa sublinha que o programa acaba por promover uma reflexão que permite ainda antever o que o futuro pode trazer, dentro de uma grande dose de incerteza porque «o governo das organizações solicita uma atenção renovada não só àquilo que sabemos que é preciso saber, como também àquilo que é preciso saber que não sabemos».

Um dos pontos mais particulares do PADE é o desenvolvimento de modelos conceptuais de gestão para cada líder, focando aspectos como a personalidade e o carácter do dirigente, a carreira, o equilíbrio entre empresa e família, a comunicação, as competências emocionais, a gestão do tempo ou técnicas de negociação. O objectivo é que este conjunto de competências sejam a premissa essencial para qualquer mudança organizacional significativa e sustentável, partindo da figura da liderança.

«Pode dizer-se que as competências dos dirigentes empresariais são basicamente três: as relacionadas com o saber, conceptual ou prático; as relacionadas com os valores e com a vontade, entre as quais se incluem a prudência e a coragem; e as relacionadas com certos talentos inatos, alguns das quais costumam relacionar-se com o arquétipo do líder. Se não há um mínimo inato, não há business schools que valham. Se houver, é possível aperfeiçoar a aptidão para o comando. Não se pode propriamente ensinar, mas pode-se aprender: em programas formativos que proporcionem uma reflexão sistematizada sobre as próprias experiências que favoreçam o debate e contraste de critérios, horizontes e ideias, de forma a incorporar nos processos de decisão uma certa inspiração, rasgo, coerência e estruturação interna. É o que fazemos na AESE», sintetiza Pedro Ferro.

INDÚSTRIA E SERVIÇOS NO PADE PORTO

De uma forma geral, os sectores de onde procedem os dirigentes que procuram o PADE reflectem o tecido económico do nosso país. Mas há regiões com características próprias, como a zona norte de Portugal. «Energia, indústrias extractivas, alimentação, mobiliário, têxtil, materiais de construção, comunicações, logística, banca e seguros têm sido sectores bem representados, mas também temos tido dirigentes ligados à educação, saúde, consultadoria, imobiliário e cultura», aponta o director do PADE Porto, Pedro Pimentel.

O facto de o programa ter uma edição na cidade reforça o networking dos dirigentes da região norte. «A existência deste programa também no Porto facilita que o novo network se desenvolva, sem as barreiras naturais das distâncias físicas – o que aconteceria se os dirigentes do norte só pudessem frequentar o PADE em Lisboa», esclarece Pedro Pimentel, para quem o PADE «transforma as pessoas e muitas referem que há um “antes” e um “depois”, na forma de encarar a sua actividade e mesmo a sua vida».

DIMENSÃO INTERNACIONAL

As edições de Lisboa e Porto do PADE incluem sempre uma viagem internacional, com um programa de sessões académicas em instituições de ensino da rede de escolas parceiras da AESE Business School. Nos últimos anos, os destinos foram Xangai, na China (CEIBS), Nova Iorque, nos Estados Unidos (IESE Business School), e Munique, na Alemanha (IESE Business School).

A viagem pressupõe igualmente um conjunto de visitas a empresas para que os participantes tenham a possibilidade de contactar com realidades diferentes daquelas a que estão, normalmente, habituados.

» Pedro Pimentel, director do PADE – Programa de Alta Direcção de Empresas, na AESE, Porto

» Pedro Ferro, director do PADE – Programa de Alta Direcção de Empresas, na AESE, Lisboa

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “MBA, pós-graduações & formação de executivos”, publicado na edição de Maio (n.º 218) da Executive Digest.

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