EDP Energy Starter: projectos inovadores procuram-se

O programa de inovação aberta Energy Starter, que procura dar resposta a vários desafios no sector da energia e em alinhamento com áreas que são também estratégicas para a EDP, abriu candidaturas para o terceiro e último módulo da oitava edição da iniciativa.

Criado pela EDP para acelerar a transição energética numa escala global, através de soluções inovadoras, colaborativas e impactantes, com startups e scaleups, o Energy Starter é actualmente composto por três módulos, focados em áreas-chave do sector energético e que acompanham a cadeia de valor da empresa: Renováveis e Hidrogénio Verde (Renewable Energy & Green Hydrogen); redes Energéticas do Futuro (Future Grids), e Soluções para Clientes e Mobilidade (Client Solutions & Mobility).

No entanto, esta iniciativa de inovação aberta da EDP não começou como a conhecemos hoje em dia e, pelo contrário, tem sido alvo de diversas actualizações e adaptações, como refere Tomás Moreno, director do Ecossistema de Inovação da EDP. «O Energy Starter não nasceu “adulto”. Passou por várias fases e uma das coisas que apreciamos é que estamos sempre a melhorá-lo. Não há um ano que seja igual ao outro, pois vamos incorporando feedback e alinhando o programa com a estratégia e necessidades da empresa », defende.

O INÍCIO DE TUDO

A primeira incursão da EDP no universo das startups começou com um programa aberto em parceria com uma entidade que já tinha bastante relevância, a Fundação de Richard Branson. «Logo nesse momento, aprendemos várias lições: chegaram- nos ideias e não startups, e apesar das ideias serem muito boas, não eram necessariamente aplicáveis ao negócio, pois existem muitas formas de agir sobre sustentabilidade e não necessariamente naquela que é a função da EDP, ou seja, a electrificação», explica o mesmo responsável. Rapidamente perceberam que tinham de criar um foco nos objectivos da empresa, tendo sempre cuidado para não “fechar” temáticas, uma vez que podem sempre surgir ideias inovadoras e disruptivas que não antecipavam.

Nesse sentido, e numa segunda fase, começaram a fazer programas de aceleração, já focados em energia. No entanto, as startups ainda se encontravam num ponto muito inicial do seu processo, procurando a EDP para montar e desenvolver a empresa. «Era uma fase mais de incubação e a EDP chegou a ter uma incubadora nas instalações e uma série de parcerias com incubadoras nas várias geografias onde estamos presentes, de forma a podermos apoiar as startups em funções de incubação: espaço físico, apoio jurídico, contabilístico, etc…», contextualiza Tomás Moreno.

Esta seria uma etapa já importante para a empresa, mas continuavam a sentir a falta de resultados palpáveis que pudessem integrar nas soluções da EDP. Entretanto, o mercado evoluiu, assim como todo o ecossistema de inovação, as startups ficaram mais sofisticadas e passou a existir uma nova realidade e outras necessidades. «Queríamos startups mais maduras e definimos uma regra: que fossem pilot ready. Precisávamos de poder validar a tecnologia», acrescenta o profissional. Isso levou a uma segunda fase da filosofia do projecto que os conduziu, actualmente, a «não trabalharem com startups, mas sim com scaleups, não fazendo aceleração, mas sim business development », sublinha, adiantando que a filosofia evoluiu ao longo dos anos e «o valor para a startup participar neste programa não é acelerar a si mesma, mas sim desenvolver negócio, validar a sua tecnologia, entender o que é que uma utility procura e adaptar a sua solução às necessidades do negócio».

Agora, e com base em feedback de startups e dos experts internos, o modelo do Energy Starter foi revisto pela EDP há dois anos e actualmente encontra-se na segunda edição deste novo modelo, «com muito sucesso pois aproximamos as startups das unidades de negócio relacionadas», assegura Tomás Moreno. No modelo actual, em cada um dos tracks (módulos) – e este é o terceiro (Soluções para Clientes e Mobilidade) –, todas as startups vão estar ligadas a este sector e existem sinergias entre elas, e todas as pessoas da EDP associadas são de unidades de negócio relevantes para elas e vice-versa, o que significa que não há perda de tempo e é tudo mais produtivo», complementa.

ÚLTIMO MÓDULO: CANDIDATURAS ABERTAS

O Energy Starter procura dar resposta a vários desafios no sector da energia e em alinhamento com áreas estratégicas para a EDP. Nos dois módulos anteriores, a energética seleccionou startups com soluções para as Redes Eléctricas do Futuro e Energias Renováveis e Hidrogénio Verde, áreas estratégicas para o sector energético e para o crescimento da EDP. Agora, nesta terceira fase, procuram-se empresas com ideias disruptivas aplicadas a Soluções para Clientes de energia, que podem assim contribuir para a descarbonização do consumo energético no dia-a-dia, facilitando a transição global para a mobilidade eléctrica e impulsionando o desenvolvimento de soluções de geração de energia solar distribuída.

Para este módulo (Client Solutions e Mobilidade), a EDP procura startups que trabalhem em seis áreas preferenciais: Instalação e O&M (operação e manutenção) da produção distribuída, geração distribuída para clientes B2B, electrificação de calor e ar industriais, descarbonização para clientes B2C, armazenamento de energia e flexibilidade, e soluções integradas com mobilidade.

Após a fase de candidaturas, as startups irão passar por um processo de selecção, que inclui um pitch online, onde terão a oportunidade de apresentar as suas soluções a especialistas de inovação e de diferentes unidades de negócio das várias geografias da EDP. As empresas seleccionadas irão depois participar num bootcamp, um módulo presencial que terá lugar em Lisboa, entre 26 e 28 de Novembro, com o objectivo de acelerar o desenvolvimento de projectos-piloto e negócios com a EDP, bem como ter acesso a potencial apoio financeiro e know-how da EDP Ventures. Por cada edição, existe, ainda, «um Open Day, uma oportunidade para se falar de novas tendências, para mostrar os projectos que já estamos a desenvolver e dar palco às startups para poderem ser vistas por terceiros, sendo também um momento para debates e painéis para falar sobre temas de inovação e energia», remata Tomás Moreno.

PRESENTE E FUTURO

Até ao momento, Tomás Moreno admite que o programa tem recebido sempre um número interessante de startups a concurso, com qualidade muito relevante. «O que tentamos fazer é gerar processo para acelerar o acaso (uma startup com uma solução interessante). Isso tem acontecido e continuamos a preferir qualidade a quantidade, mas é preciso quantidade para termos qualidade», complementa.

Nas últimas sete edições do Energy Starter, a EDP seleccionou 192 startups de 27 países, desenvolvendo em conjunto 75 projectos-piloto, 28 rollouts (integração de um novo produto ou serviço no mercado) e 15 investimentos de capital de risco, que já começaram a redefinir o panorama energético – projectos que representaram um total de 24 milhões de euros em negócios. Este registo sublinha o sucesso da EDP na promoção da inovação através desta colaboração aberta com o ecossistema global e reafirma o seu compromisso em desenvolver tecnologias sustentáveis que promovam um futuro energético mais sustentável e eficiente.

Sobre o ponto em que nos encontramos em matéria de transição energética, enquanto País e mundo, Tomás Moreno considera que a nível planetário estamos atrasados para os objectivos que nos propomos alcançar. «Por isso, é muito importante que, como País, sociedade e empresas, todos façam a sua parte. Temos a felicidade de trabalhar na EDP, que é uma empresa que tem compromissos muito agressivos de transição energética, de neutralidade carbónica e energia verde, e que está décadas à frente dos objectivos nacionais e internacionais. A EDP está claramente a fazer o seu trabalho nesse sentido. Estamos atrasados mas será que temos a tecnologia e soluções neste momento para resolver os problemas a que nos propomos com energias renováveis? Ainda não, e por isso é que a inovação é tão importante para continuarmos a encontrar soluções e alavancar as que já temos, para resolvermos os problemas que temos com a transição energética. É um grande desafio, para o qual estamos a começar a caminhar melhor e empresas como a EDP estão a fazer o seu trabalho », conclui.

Este artigo faz parte da edição de Junho (n.º 219) da Executive Digest.

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