XXXVIII BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Marcelo Nico, Tabaqueira
A análise de Marcelo Nico, Director-geral da Tabaqueira
No relatório entregue à Comissão Europeia, Mário Draghi afirma: “A única forma de responder a este desafio [impulsionar a competitividade das economias europeias e garantir a geração de prosperidade, defendendo a paz e as democracias] é crescer e tornarmo-nos mais produtivos, preservando os nossos valores de igualdade e inclusão social. E a única forma de nos tornarmos mais produtivos é a Europa mudar radicalmente.” O ex-Primeiro-Ministro italiano e antigo presidente do Banco Central Europeu sugere que será necessário investir massivamente e incentivar a inovação como nunca antes – algo que as empresas já defendem há muito tempo. A autoridade de Draghi é crucial para lançar esta discussão entre os decisores políticos europeus, apesar do pessimismo sobre as condições político-regulatórias para um investimento rápido.
O Eurobarómetro da Executive Digest mostra que gestores e empresários veem no investimento em tecnologia e na cultura de inovação a chave para a competitividade das empresas e da economia portuguesa. Eles sugerem prioridades políticas como eficiência da administração pública, redução de riscos, inovação tecnológica, reindustrialização e qualificação. Reformas estruturais são necessárias, mas o tempo da política e da regulação nem sempre se compadece com ritmos mais acelerados. Consensos equilibrados e uma visão comum para a próxima década são essenciais para transformar a capacidade produtiva das empresas e responder aos anseios das sociedades, mantendo as democracias europeias, como lembra Draghi. Os líderes empresariais já sabem disso há muito. Partilho, enquanto Diretor Geral da Tabaqueira, um comentário adicional: recentemente, foi conhecido mais um relatório anual da KPMG sobre o consumo ilícito de cigarros na Europa, comissionado pela Philip Morris International, da qual a Tabaqueira é a subsidiária portuguesa. Este estudo mostra uma tendência de crescimento do consumo ilícito de cigarros na União Europeia, alertando para as elevadas taxas de contrabando e contrafação de cigarros na região, onde 35,2 mil milhões de cigarros ilícitos foram consumidos em 2023 – representando 8,3% do consumo total e perdas de 11,6 mil milhões de euros em receitas fiscais para os Estados-Membros. Sendo um fenómeno generalizado a muitos outros setores da economia, o comércio ilícito destrói valor para os Países e para as Economias; destrói valor para as sociedades e famílias. O comércio ilícito lesa o Estado e retira muitos milhares de milhões de euros dos cofres em impostos que não são cobrados. Destrói emprego e frustra investimentos realizados pelas empresas. Combater as práticas de comércio ilegal deve também ser considerada uma prioridade, visto que desviam fundos legítimos que financiariam a competitividade das empresas e o aumento da sua capacidade de inovação para canais ilegítimos. Defender a competitividade das economias europeias também passa por aqui.
Testemunho publicado na edição de Outubro (nº. 223) da Executive Digest, no âmbito da XXXVIII edição do seu Barómetro.