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XXXVI BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Luís Mateus, SKODA Portugal

A análise de Luís Mateus, Director-Geral da SKODA Portugal

Aguardo sempre com expectativa os resultados do Barómetro da Executive Digest porque, além dos temas relevantes e pertinentes, emana uma visão de diversas áreas de negócio que acabam por ter imensos pontos de contacto. Dos resultados apresentados por este gostaria de, antes de mais, relevar a confiança demonstrada pela maioria dos gestores numa melhoria dos seus resultados operacionais no primeiro semestre. De facto, se olharmos apenas para o andamento dos principais indicadores macroeconómicos (sem considerar as especificidades de cada negócio) tudo aponta para crescimentos interessantes que se deverão prolongar pelo segundo semestre do ano. Com o índice de confiança dos consumidores a atingir o seu valor mais elevado desde há mais de dois anos, com a inflação sob controlo e com fortes expectativas de uma redução gradual das taxas de juros nos próximos meses (o que permitirá às famílias recuperar folego no que diz respeito ao poder de compra) tudo se conjuga para que 2024 seja muito positivo. Mas, antevejo com alguma preocupação uma possível instabilidade, não económica, mas política aquando da discussão do Orçamento de Estado de 2025. E esta preocupação (aliás partilhada pelo painel deste barómetro) é legítima porque a nossa experiência em diversos momentos da história recente demonstra que os interesses das diversas forças políticas nem sempre são convergentes com o interesse nacional de levar a economia do País para o próximo nível. Entendo ser importante desenvolver, desde já, planos de contingência robustos que possam mitigar eventuais riscos de regressão em alguns indicadores que damos como certos para a segunda metade do ano e esperar que, pelo menos desta vez, impere o bom senso na classe política. Sobre outras questões, não resisto a dar-lhes o devido destaque já que serão temas críticos para a competitividade, para o sucesso e, portanto, para o futuro das empresas. Assim, para além daqueles aspectos cuja importância é geralmente consensual, tais como a inovação, a agilidade organizacional e a flexibilidade não queria deixar de relevar a importância de desenvolver uma estratégia de geração de talentos nas nossas próprias empresas (como complemento aos desafios de retenção que já enfrentamos hoje) e a necessidade de incutir uma cultura de empresa focada na diversidade seja ela de género, cultural ou geracional. Estes dois aspectos, muitas vezes negligenciados ou pelos menos não assumidos como prioritários, irão assumir uma importância chave num mundo cujos ideais estão em acelerada mudança.

Testemunho publicado na edição de Junho (nº. 219) da Executive Digest, no âmbito da XXXVI edição do seu Barómetro.