barometro


XXXIV BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Teresa Gonçalves, SATA

A análise de Teresa Gonçalves, CEO e Presidente do Conselho de Administração da SATA

O ano de 2023 terminou com um misto de sentimentos, por um lado temos a economia a crescer 2,3%, fruto de: I) uma aceleração da procura interna, através do consumo privado; II) uma estabilidade da taxa de desemprego, que registou 6,6%; e III) um recorde no turismo que registou, pela primeira vez, mais de 30 milhões de hóspedes, tendo o total de turistas ultrapassado o nível pré-pandemia, +12%, com destaque para alguns mercados emissores, como o canadiano e o norte-americano. Por outro lado, temos desafios: I) a expectativa de evolução das taxas de juro por parte do BCE; II) o controlo dos níveis de inflação (que no início de 2024 voltou a superar os 2%, devido ao ajuste no preço da electricidade, nomeadamente no mercado regulado, e ao fim da medida IVA Zero); III) o ambiente geopolítico mundial; e IV) o actual cenário de tensão política que se vive, com eleições em Portugal, na Europa e nos EUA, que poderão ter impacto na economia portuguesa e mundial, o que gera um sentimento de incerteza para 2024, sentimento partilhado por mais de metade dos inquiridos neste barómetro. Ainda assim, a expectativa é de crescimento do volume de negócios, face a 2023, na ordem dos 10%, que dependerá da estratégia, modelo operacional, contexto sectorial e cenário competitivo de cada empresa. Em 2024, as empresas portuguesas necessitarão de apostar na reinvenção dos negócios, gerado resultados sustentáveis para os stakeholders e a sociedade. As mudanças climáticas e a disrupção tecnológica, com enfoque na inteligência artificial (IA), obrigam a que as empresas invistam (cerca de 50% das empresas prevê aumentar o investimento em 2024 face ao período homólogo), tendo presentes as necessidades reais dos stakeholders, consumidores, fornecedores, parceiros de negócio, investidores, reguladores e a sociedade como um todo. O grande desafio será desenvolver uma visão clara de como as cadeias de valor se vão modificar, uma vez que a IA vem revolucionar modelos de negócio e obrigar a um redesenho dos processos de trabalho. Perante este cenário as empresas consideram que os dois maiores desafios que têm em 2024 são aumentar a rentabilidade (49%) e crescer em competitividade, com foco no aumento da experiência do cliente. Para estes objectivos, o alívio da carga fiscal é a medida estrutural identificada pelos empresários, para incentivar o investimento e estimular o crescimento económico. Adicionalmente, a criação de incentivos fiscais específicos para investimentos em pesquisa e desenvolvimento, modernização de infra-estrutura e formação de trabalhadores pode aumentar a competitividade e inovação das empresas. Não obstante, é importante considerar o impacto social e ambiental destas alterações pois, mudanças frequentes e imprevisíveis na carga fiscal, podem prejudicar a confiança dos investidores e a estabilidade económica. Este clima de incerteza a nível mundial afecta o interesse das empresas nacionais em expandir os seus negócios. Há, contudo, uma minoria de inquiridos que identifica um potencial de expansão na União Europeia e nos EUA. Isto apesar de a Zona Euro ter encerrado 2023 com uma situação frágil, com o PIB a crescer apenas 0,5% (vs 3,4% em 2022) e com um crescimento expectável muito reduzido em 2024. Por outro lado, os EUA mantêm uma economia dinâmica, com crescimento do PIB em 2023 na ordem dos 2,5%, sendo esperado para 2024 a continuação desta tendência.

Testemunho publicado na edição de Fevereiro (nº. 215) da Executive Digest, no âmbito da XXIV edição do seu Barómetro.