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XXXIV BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Nelson Ferreira Pires, Jaba Recordati S.A.

A análise de Nelson Ferreira Pires, General Manager da Jaba Recordati S.A.

Neste barómetro vou explorar apenas uma das questões que me parece mais relevante, não um exercício de antecipação das expectativas, mas uma análise daquilo que os empresários necessitam para tornar as suas organizações mais competitivas e reduzir o cenário de incerteza que se avizinha em 2024. E a resposta à questão sobre “quais as reformas de carácter estrutural” que os empresários mais desejam é de que o estado não atrapalhe mais do que já faz. O peso do estado na economia é gigante basta olhar para o PRR em que os níveis de execução são baixos e na quase totalidade ligados à actividade pública. Mas tudo se agrava quando o peso dos impostos é ainda mais “pesado”, não existe incentivo ao investimento ou reinvestimento dos lucros das empresas, que não existem políticas de atracção de investimento directo estrangeiro ou sequer de apoio à recuperação económica. E pasme-se… É mesmo isso que 96% dos empresários deste barómetro querem. O custo do trabalho é gigantesco, por isso é que as empresas pagam elevados salários, mas os trabalhadores ganham pouco (um trabalhador custa mais 80% à empresa do que o seu salário). Mas não é só isso: são cobradas em Portugal mais de 4300 taxas, das quais 2900 destinam-se a financiar empresas públicas. A título de exemplo, a APA (ambiente) é a entidade que mais cobra taxas, um total de 600. Por outro lado, o sistema fiscal português deixou de ser um sistema para passar a ser uma manta de retalhos que cobra 37% do PIB português aos empresários. A minha conclusão é de que tudo vale para “sacar dinheiro onde ele existe” – como dizia uma deputada de extrema-esquerda. Claro que alguém tem de pagar o monstro em que o estado se tornou com uma estrutura tão grande e tantos apoios sociais. Infelizmente são os trabalhadores e empresas produtivos que não podem fazer planeamento fiscal para outras paragens ou simplesmente fugir ao fisco (valor que representa 30% do PIB português). Portanto o que os investidores, empresários ou empreendedores querem é fugir da violência deste colectivismo violento que se financia através de impostos arrecadados de forma autocrática pelo estado, criando pessoas e empresas pobres e apoios sociais. Destrói a meritocracia e o empreendedorismo, pois o nivelamento é “por baixo”. E os políticos sucumbiram a este dogma de empobrecimento colectivo para manterem o poder e os privilégios, “criando pobres e acabando com os ricos”!

Testemunho publicado na edição de Fevereiro (nº. 215) da Executive Digest, no âmbito da XXIV edição do seu Barómetro.