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XXXIII BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Manuel Lopes da Costa, Auren Consultores Portugal

A análise de Manuel Lopes da Costa, Country Managing Partner da Auren Consultores Portugal

O barómetro deste mês destaca uma visão predominantemente positiva de 2023 relativamente ao crescimento do volume de negócios (VN). Já para 2024, o outlook não se apresenta tão animador, prevendo-se um abrandamento do crescimento do PIB, desafios iminentes e um Orçamento de Estado considerado desfavorável para as empresas, mas, ainda assim, com ambições de crescimento.

É bastante relevante o facto de que 76% dos inquiridos expressam um elevado otimismo e confiança no que toca às expetativas para o volume de negócios de 2023, prevendo um aumento superior a 2.5% face ao ano transato. Destes, 36% esperam um crescimento substancial, de pelo menos 10%.

A diversidade reina entre as estratégias que suportam estes resultados, ou seja, verifica-se que não existe um modelo one size fits all. As estratégias variam, sobretudo, entre expansão, internacionalização, diversificação e reestruturação, sendo expansão a mais referida (28%).

Relativamente ao ano de 2024, os líderes destacam o aumento da rentabilidade, o desenvolvimento célere de novos produtos e o aprimorar da Experiência do Cliente (CX) como principais desafios. O que exige uma abordagem integrada, alinhando a saúde financeira das empresas com a entrega de soluções inovadoras e uma experiência de cliente excecional. Neste sentido, 70% dos inquiridos demonstraram um compromisso claro com a inovação, alocando parte significativa dos seus orçamentos para Investigação e Desenvolvimento (I&D). A inovação, como indicado por 17% que destinaram mais de 5% do orçamento para I&D, surge como uma resposta concreta ao desafio de desenvolver novos produtos e melhorar a rentabilidade.

Quanto à relação com o OE24, a postura predominante é de ceticismo. A maioria expressiva, 93%, acredita que o OE24 não foi concebido para aumentar a competitividade das empresas. No entanto, os gestores destacam duas medidas do OE24, relacionadas com a compensação dos trabalhadores, que poderão ter um maior impacto nas suas empresas, nomeadamente, a inclusão dos salários de técnicos qualificados nos benefícios fiscais ao investimento e a isenção de IRS e TSU nos bónus aos trabalhadores (desde que se verifiquem determinadas condições). Ainda assim, dois terços considerarem que deve entrar em vigor na integra, isto é, face a uma gestão em regime de duodécimos.

O cenário macroeconómico marcado pela revisão em baixa da estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 1,5% gera opiniões divergentes. Enquanto 41% consideram a meta razoavelmente viável, 48% julgam excessivamente otimista. Face ao quadro apresentado, a ambição de crescimento dos inquiridos reparte-se entre ambições de aumentar a sua participação no mercado (45%) e adotar uma postura mais cautelosa e expectante em relação ao mercado (45%).

Em conclusão, o ano de 2024 apresenta-se exigente para as empresas portuguesas. A capacidade de enfrentar os desafios, adotar estratégias inovadoras e manter um equilíbrio sensato entre a parte financeira e as expectativas do cliente será crucial para garantir o sucesso sustentável das empresas. Haja coragem para enfrentar todos os desafios que se avizinham.

Testemunho publicado na edição de Dezembro (nº. 213) da Executive Digest, no âmbito da XXXIII edição do seu Barómetro.

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