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XXXIII BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Alberto Ramos, Bankinter Portugal

A análise de Alberto Ramos, Country Manager do Bankinter Portugal

2023 não dissipou o clima de incerteza, que surgiu com a pandemia e que se manteve com a guerra na Ucrânia e mais recentemente no Médio Oriente, as perturbações na produção, a crise energética, a inflação e a subida dos juros. Estes fatores contribuíram para um arrefecimento das economias. E mesmo Portugal, que tem escapado às recessões já verificados em alguns países, acompanha este abrandamento.

Os resultados deste barómetro espelham o impacto desta conjuntura nas empresas, com os gestores a demonstrarem cautela. Os dados indicam que a maioria não terá apostado numa clara estratégia de crescimento em 2023, optando pela reestruturação, diversificação ou até mudança de estratégia, tendo apenas 45% investido numa estratégia de expansão ou de internacionalização. 40% das empresas acabam por prever um crescimento abaixo dos 10%, com 19% dos inquiridos a estimar crescimentos nulos ou mesmo negativos.

Em 2024, esta lógica parece manter-se com algum pessimismo. A maior parte dos empresários considera a previsão do governo para o crescimento do próximo ano demasiado otimista e que Orçamento do Estado não promove competitividade. Relativamente aos principais desafios para 2024, a maioria dos inquiridos destaca o aumento da rentabilidade, a aceleração do desenvolvimento de novos produtos e a melhoria da experiência do cliente. Apenas 17% estima dedicar mais do que 5% do seu orçamento para investigação e desenvolvimento e uma minoria prevê reinventar a estratégia de inovação das suas empresas. As perspetivas económicas pouco animadoras traduzem-se aqui também numa ambição mais comedida, algo conservadora, por parte dos gestores.

Portugal precisa de crescer mais do que o que se tem verificado nas últimas décadas. Só com empresas fortes e competitivas o país poderá cumprir este desígnio. Os nossos empresários já demonstraram por diversas vezes serem capazes de transformar as incertezas e os desafios em oportunidades de crescimento. É preciso aproveitar essa resiliência e desenhar estratégias ambiciosas, focadas no crescimento das sua empresas, apoiadas por políticas governamentais com o mesmo foco, que assegurem atração e desenvolvimento de talento, tecnologia e inovação, novas oportunidades de negócio e produtos e serviços diferenciados, que contribuam também para o crescimento do país e um futuro mais sustentável para todos.

Testemunho publicado na edição de Dezembro (nº. 213) da Executive Digest, no âmbito da XXXIII edição do seu Barómetro.

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