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XXX BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Pedro Janela, WYgroup

A análise de Pedro Janela, CEO do WYgroup

Talento e GenAi
Em dois dos tópicos o foco na formação e retenção de talento é o ponto mais citado, e importa tentar entender que para talento de topo formado, o gap de salários está a aumentar progressivamente e para empresas que se sustentam apenas na economia nacional, é impossivel competir. Até podem competir mas será sempre para talento que optou ou não consegue trabalhar com organizações europeias ou globais. E a razão é simples: salário.
Um salário para um mestrado em áreas de engenharia, ciência e tecnologia, pode partir dos 5/6k Eur mês em locais que não aqui. E enquanto não houver um foco total na mudança da base salarial em Portugal por um misto de esforço de subida transversal, sector público e privado, alteração de brackets fiscais e alteração do que são por exemplo, o valor de contratos de estágio que milagrosamente é o mesmo faz mais ou menos 20 anos, e que baliza muitas vezes o inicio da carreira. Portugal pura e simplesmente não consegue competir e o talento escolhe, e mesmo muito bem, outras paragens. E se C&T é o futuro de todos, ficamos sem futuro.
Sobre ChatGPT… Que em si é redutor… O tema que falamos são LLM’s, Large Language Models e “transformadores” ou fase a seguir ao deep learning. É provavelmente o evento mais significativo a impactar a área dos serviços que me recordo de assistir, e a sua evolução terá mais impacto que o fogo… A mudança estrutural que os algoritmos cada vez mais capazes, aliados a poder computacional específico sem precedentes, tem a capacidade de prever, com alguma certeza, mas com algumas alucinações, ainda, com poucos dados de entrada o que de facto “vem a seguir”.
A passagem destes modelos para dentro das organizações com dados privados, e hoje já se consegue fazer com pouco mais de 50k, trará uma criação de produtividade e transformação do trabalho sem precedentes e não só no contacto com os clientes. Ainda para mais porque os mesmos evoluem para o dobro da capacidade a cada 4 meses. É esta evolução aliada a conexão entre todas os sistemas que não se sabe bem o que trará. Donde vejo trará oportunidades sem igual, mudança sem paralelo, criação de emprego novo, e destruição do emprego “estúpido”. No entanto para dominar esta “nova indústria” é preciso talento do bom, formado em C&T… A 2k/mês não vão por cá ficar. O que vale é que em 4 anos estes sistemas darão um PhD formado em tudo, a cada um de nós por 20Eur/mês… talvez se resolva a questão do talento.

Testemunho publicado na edição de Junho (nº. 207) da Executive Digest, no âmbito da XXX edição do seu Barómetro.