Suécia afasta Huawei: Ericsson sofre queda nas vendas, desiste de 5G na China e ações caem 8%

As vendas da Ericsson caíram na China. A empresa sueca acredita que esta queda se trata a uma retaliação chinesa após a decisão da Suécia de proibir a chinesa Huawei de construir redes 5G no país escandinavo, escreve o Financial Times.

Entretanto, a empresa anunciou também hoje que desiste da corrida aos contratos de 5G na China, uma vez que foi apanhada no fogo cruzado da batalha política entre Pequim e o Ocidente, fazendo com que as suas ações caíssem 8%. A Ericsson já tinha avisado que a proibição da Suécia poderia ter impacto nos seus negócios na China,  onde estava a construir um enorme projeto de 5G.

A receita na maior economia da Ásia no segundo trimestre caiu de cerca de 400 milhões de euros há um ano para cerca de 150 milhões de euros, reduzindo as vendas totais da Ericsson pela primeira vez em três anos.

O CEO da empresa sueca, Borje Ekholm, alertou que o grupo provavelmente terá “uma participação de mercado significativamente menor” na China no futuro devido à decisão da Suécia no ano passado de banir a Huawei e a ZTE por preocupações relacionadas com roubo de dados e espionagem.

A Ericsson e muitos dos seus concorrentes estão envolvidos numa batalha geopolítica sobre o futuro das redes 5G. Os Estados Unidos pressionam sos eus aliados a seguirem o seu exemplo e a banirem as empresas chinesas das suas redes de telecomunicações, com funcionários da administração do ex-presidente Donald Trump a terem considerado até a ideia de comprar uma participação na Ericsson ou no grupo finlandês Nokia, os dois maiores concorrentes da Huawei.

Mas Ekholm admitiu no ano passado que esta política restringiria a livre concorrência e o comércio. A família Wallenberg, grande investidora na Ericsson, também criticaram a decisão, temendo que as consequências desta proibição possam alargar-se a outros setores.

A Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos (FCC) decidiu, no final de junho, travar de vez a instalação de equipamentos em redes de telecomunicações, assim como revogar as autorizações já concedidas para este tipo de instalações das empresas chinesas consideradas “ameaças à segurança nacional” e cujos nomes contam na lista negra da Casa Branca, como é o caso da Huawei e da ZTE.

De acordo com as regras aprovadas, a FCC pode ainda revogar as licenças concedidas a equipamentos já instalados, o que obrigaria as empresas ou o Estado a retirarem este tipo de estruturas.

Segundo o comissário do regulador, Brendan Carr, desde 2018, que a FCC já autorizou a aplicação de mais de três mil dispositivos da Huawei.

Num comunicado oficial, a gigante chinesa classificou a decisão da FCC como “fruto de um equívoco e desnecessariamente punitiva”.

A Huawei está a tentar manter o acesso aos mercados globais, depois de a anterior administração dos Estados Unidos ter cortado o acesso da empresa a tecnologia norte-americana, incluindo ‘chips’ para processadores ou os serviços da Google.

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