Marcelo volta a ser candidato à Presidência: “Um dever de consciência”

Marcelo Rebelo de Sousa é, tal como se esperava, candidato às presidenciais do próximo dia 24 de janeiro. “Todos os portugueses contam”, salientou, depois de se manifestar disponível para debates com os restantes candidatos.

Quanto às razões para se candidatar, Marcelo referiu ter três palavras simples e diretas a dizer aos portugueses: “Porque temos uma pandemia a enfrentar; uma crise económica e social a vencer; porque temos uma oportunidade única de, além de vencer a crise, mudar para melhor Portugal, na economia, mas sobretudo no nosso dia a dia, reforçando a nossa coesão social e territorial; combatendo a pobreza e a exclusão; promovendo o emprego com investimento, crescimento e melhor distribuição da riqueza; porque precisamos de o continuar a fazer com proximidade, descrispação, pluralismo democrático, mas diálogo e convergência no essencial. Um Presidente independente, que não instabilize, antes estabilize; que não divida, antes una os portugueses e que puxe sempre pelo que de melhor existe em Portugal; porque não vou sair a meio de uma caminhada exigente e penosa; não vou fugir às minhas responsabilidades; não vou trocar o que todos sabemos irem ser as adversidades e impopularidades de amanhã pelo comodismo pessoal ou familiar de hoje; porque, tal como há cinco anos, cumpro um dever de consciência.”

Em relação ao facto de só agora ter sido feito o anúncio, o chefe de Estado argumentou: “Quis promulgar as novas regras eleitorais antes de convocar a eleição; porque quis convocar a eleição como Presidente antes de avançar como cidadão e ainda e sobretudo porque, perante o agravamento da pandemia no outono, quis tomar decisões essenciais sobre a declaração do segundo estado de emergência, as suas renovações e a sua projeção até janeiro em tempos tão sensíveis como o Natal e o fim do ano como Presidente e não como candidato.”

A segunda palavra foi de lembrança dos momentos mais delicados ao longo do seu mandato e de agradecimento aos portugueses pela “compreensão e apoio manifestados desde 2016. Sem eles teria sido mais difícil lidar com o esforço de saída do défice excessivo e a crise na banca em 2016; com a tragédia dos fogos em 2017; com a lentidão de tantos em entenderem os movimentos inorgânicos que irrompiam em 2018; com o longuíssimo processo eleitoral iniciado nesse ano e concluído em 2019; em especial, com a pandemia, a paragem económica e o desemprego em 2020”. Agradeceu o apoio naqueles que considerou serem os momentos mais sensíveis como a sua iniciativa “da primeira declaração do estado de emergência e as suas renovações” ou em que não pôde “estar tão próximo como esperavam e eu desejava ou em que eu terei agido de menos ou demais no propósito de antecipar ou evitar confrontos dispensáveis. Podem ter a certeza de que tentei fazer sempre o melhor que podia e sabia, nos bons e nos maus instantes e a pensar no interesse público e nunca no interesse pessoal”.

A terceira palavra usou-a para garantir que “quem avança para esta eleição é exatamente o mesmo que avançou há cinco anos, orgulhosamente português e, por isso, universalista; convictamente católico e, por isso, dando primazia à dignidade da pessoa, ecuménico e contrário a um Estado confessional; assumidamente republicano e, por isso, avesso a nepotismos, clientelismos e corrupções; determinadamente social-democrata e, por isso, defensor da democracia e da liberdade – toda ela: a pessoal, a política, a económica, a social, a cultural. Não da chamada democracia iliberal que não é democrática, nem da liberdade que o não é plenamente por ser vivida na pobreza, na ignorância ou na dependência”, afirmou.

“Sou exatamente o mesmo na visão de Portugal, plataforma entre culturas, civilizações, oceanos e continentes. Da Constituição, que votei com orgulho, que ajudei a rever, que jurei cumprir e fazer cumprir e fiz cumprir, assim como dos poderes presidenciais e do seu exercício”, sintetizou. “Tudo o que disse e escrevi em 2015 mantém-se por igual como igual é o homem que o disse e o escreveu”, sublinhando que a escolha será dos portugueses. “Renovar a confiança em que quem conheceis, semana após semana, há pelo menos 20 anos e, em especial, neste cinco anos vividos em comum, feitos não apenas de palavras, mas também de atos, ou escolher alguém diferente, com uma visão diversa daquela que vos propus e proponho para Portugal. Humildemente aguardo o vosso veredicto. Tenho a certeza de que, seja ele qual for, será para o bem de Portugal que o mesmo é dizer o bem dos portugueses, todos eles. Porque nestes tempos de sacrifício, mais do que noutros de bonança, cada português conta e é com cada um e todos eles que, juntos, vamos enfrentar a pandemia, vencer a crise e refazer Portugal”, concluiu.

Eleito com 52% dos votos a 24 de janeiro de 2016, Marcelo tomou posse a 9 de março.

De acordo com as regras definidas, todas as candidaturas têm de ser apresentadas formalmente junto do Tribunal Constitucional até 24 de dezembro, 30 dias antes das eleições, propostas por um mínimo de 7.500 e um máximo de 15.000 cidadãos eleitores. Quanto à campanha eleitoral, irá decorrer entre 10 e 22 de janeiro.

Para já, são oito os nomes dos pré-candidatos à Presidência: André Ventura, Tiago Mayan Gonçalves, Bruno Fialho, Marisa Matias, Ana Gomes, João Ferreira, Orlando Cruz e Carla Bastos.

[Em atualização]

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