Accenture Digital Business: 3 coisas que os especialistas em ecossistemas dominam

Descubra o que é preciso para liderar a disrupção.

Não é fácil uma empresa navegar sozinha pela disrupção no complexo contexto empresarial. É por isso que os ecossistemas têm vindo a ganhar importância.

A maioria das empresas sabe reconhecer a necessidade de implementar novos modelos de negócio para abordar, ou liderar, a disrupção.

Segundo uma pesquisa da Accenture Strategy, 60% dos executivos afirmam que os ecossistemas são a melhor forma de o fazer.

As organizações podem usar ecossistemas para conseguir fortes jogadas que estimulam o crescimento através da disrupção. A oportunidade é impressionante: os ecossistemas podem desbloquear 90 mil milhões de euros de valor para empresas e sociedade nos próximos 10 anos. Mas, foram poucos os negócios que souberam aproveitar esta oportunidade, reivindicando o papel de “especialistas em ecossistemas”.

Muitos ecossistemas não atingem o seu potencial. O que é que os especialistas que lideram os ecossistemas estão a fazer correctamente?

O QUE É UM ECOSSISTEMA?

É uma rede de parceiros dentro ou entre sectores que colaboram (e competem entre si) para fornecerem serviços que satisfazem as necessidades dos clientes de modo a criarem uma experiência homogénea end-to-end. Define-se pela profundidade e extensão da possível colaboração entre um conjunto de players. Cada um pode oferecer uma parte da solução para o consumidor ou contribuir com uma capacidade. O poder do ecossistema é que nenhum player precisa de deter ou gerir todos os componentes da solução, e o valor criado é maior do que o valor combinado de cada um.

COLABORAÇÃO COM DADOS

Os especialistas vêem uma vitória, não uma fraqueza

A maioria dos negócios tem dados abundantes à mão, mas os especialistas em ecossistemas aproveitam-nos de forma efectiva. A pesquisa da Accenture mostra que os especialistas descobrem como partilhar dados com os seus parceiros da forma mais adequada. Os não especialistas, por outro lado, tendem a partilhar de menos.

No contexto actual, em que os dados são essenciais, 92% dos não especialistas em ecossistemas estão preocupados com a partilha de assets, vantagem competitiva e propriedade intelectual da empresa. Preocupam-se com a confidencialidade. Alguns temem que os dados sejam explorados. E com tantas empresas a serem notícias por terem sido alvo de hackers informáticos, ninguém quer ser o próximo a estar na ribalta.

Obter mais dados e ter mais perspectivas

As empresas usam ferramentas analíticas para obterem perspectivas. A riqueza e profundidade dessas perspectivas aumenta quando se juntam a dados externos à empresa. Os especialistas conseguem integrar-se melhor com outros no ecossistema – unem e expandem os seus conjuntos de dados com os parceiros para melhorarem a analítica.

Praticamente todos os especialistas (97%) descrevem-se como empresas estimuladas por dados que aproveitam, com sucesso, dados de diferentes stakeholders do ecossistema – fornecedores, concorrentes, clientes, pares e fornecedores de serviços – para obterem perspectivas mais adequadas.

Por exemplo, o banco espanhol BBVA disponibiliza certos dados de clientes a parceiros do ecossistema para obter perspectivas superiores sobre consumidores e criar benefícios mútuos. O banco disponibilizou as suas interfaces de programação de aplicações (APIs) a outros negócios. Quando os programadores acedem a dados financeiros dos clientes, podem criar serviços e melhorar as suas experiências digitais. O banco espera que a partilha das suas APIs leve a novos clientes e empréstimos.

Saber estabelecer verdadeiros limites

Os especialistas compreendem que a partilha controlada de dados é essencial para o sucesso, e criam uma estratégia de dados abrangente e um plano de gestão. Um número considerável de especialistas (77%) partilha dados dentro do ecossistema, com algumas restrições. Mais controlo significa menos riscos. Além disso, nem todos devem ter acesso total a tudo.

SABER CRIAR UMA POOL DE TALENTO

Os especialistas aproveitam mais recursos

As empresas, em conjunto, podem criar uma pool de talento mais sólida do que criariam sozinhas. Os especialistas usam o melhor do ecossistema, aproveitando pools de talento dentro e fora da empresa para acederem a competências e capacidades complementares. Na verdade, 76% dos especialistas tentam unir talento entre organizações ao criarem o seu ecossistema, em comparação com apenas 34% dos não especialistas. Os especialistas também pensam na melhor forma de desenvolverem o talento. Três em cada quatro desenvolvem consistentemente talento no ecossistema, o que lhes faz identificar e oferecer novas propostas de valor.

Colocar as pessoas certas onde são mais necessárias

Quando o ecossistema partilha talento, acelera o acesso à experiência e a capacidades diferenciadoras. A partilha de talento abre também a porta a uma pool de talento mais profunda e abrangente, criando hiperdiversidade. Os colaboradores de diferentes origens e diferentes empresas, com várias competências, podem trabalhar em conjunto para atingirem resultados.

Os especialistas em ecossistemas estão dispostos a estimular e a mudar talento para outra organização do ecossistema durante um certo tempo, e depois ir buscá-lo de volta. Os negócios saem a ganhar, já que os colaboradores aprendem novas metodologias ou competências e depois trazem-nas de volta para a empresa. Os colaboradores também beneficiam, pois ganham a exposição de trabalharem noutro ambiente.

As empresas devem fazer mudanças para se adaptarem a estas novas formas de trabalhar. Por exemplo, usando ferramentas analíticas para as necessidades de talento, requalificando agressivamente o talento interno para capacidades fundamentais ou contactando talento do ecossistema para ajudar a suprimir as lacunas existentes.

CO-DESENVOLVIMENTO DE PLATAFORMAS

Os especialistas criam uma rampa para o valor

As plataformas são a força vital que fazem com que as parcerias nos ecossistemas floresçam facilmente – e não podem ser criadas sozinhas. As plataformas de sucesso começam com uma base inteligente para criar interesse e investimento nos parceiros, acelerando a sua expansão.

Quanto mais rico for o ecossistema de parceiros, mais bem-sucedida será a plataforma. Os parceiros estimulam e aceleram o alcance e escala da plataforma e aumentam as oportunidades da mesma ao começarem com uma convincente estratégia de business case e de rentabilização, assegurando investimentos sustentáveis. E estimulam a inovação através do poder colectivo dos seus dados, talentos e experiência.

Os especialistas em ecossistemas (64%) reconhecem a importância de escolher a plataforma tecnológica certa, face a 36% dos não especialistas. Procuram também um parceiro tecnológico que seja player colaborativo.

Desenvolver uma colaboração frutífera

Quem procura oportunidades de ecossistemas pode descobrir que não consegue criar e desenvolver sozinho uma plataforma sólida. Todos devem compreender que cada participante no ecossistema faz parte da plataforma, mas não é necessariamente dono. A plataforma deve satisfazer as necessidades da entidade colectiva. Confiança, conforto, empenho são ingredientes essenciais.

E, claro, atingir resultados

As plataformas não nascem da noite para o dia. Um processo pragmático será crítico:

➜ Seleccionar a equipa. A empresa que criar a plataforma deve começar com um pequeno número de parceiros seleccionados. O primeiro círculo de parceiros deve concentrar- se na inovação, na criação de novas experiências e em diferentes perspectivas.

➜ Definir as regras. Os especialistas definem inicialmente e em conjunto o que determina o sucesso da plataforma. Estabelecem os requisitos da plataforma e delineiam o que é uma troca justa de valor, como o equilíbrio de risco/ recompensa negociado pelos parceiros do ecossistema.

➜ Criar a plataforma. Depois de se juntarem aos parceiros certos e de identificarem os parâmetros certos, os participantes no ecossistema devem encontrar ou desenvolver em conjunto uma plataforma que satisfaça as necessidades definidas. Deve existir um fio condutor natural que defina a colaboração que tenha a capacidade de juntar pares e estabelecer velocidade suficiente para outros.

➜ Aumentar a escala. Ao aumentar a escala de um ecossistema de parceiros, é preciso olhar para lá da plataforma. A colaboração entre stakeholders e o crescimento de um ecossistema depende de conteúdos de alta qualidade, inovadores e de fácil acesso, da funcionalidade da plataforma e do marketing dos parceiros – um alcance segmentado e direccionado, estimulado por ferramentas analíticas.

Como obter progresso na plataforma

A plataforma alimenta o ecossistema, dando a todos os participantes acesso a novas ofertas e capacidades, novas fontes de receita e maior eficiência. Os dados reunidos e partilhados por todos os participantes na plataforma estimulam perspectivas nos programadores e na base de utilizadores, aumentando o valor da plataforma comum. Para os programadores, a plataforma oferece oportunidades de rentabilizar investimentos e desenvolvimentos.

A plataforma I/O da Adobe é um ecossistema de programadores e uma comunidade. Ao garantir acesso a ferramentas de programação e APIs para todos os produtos Adobe, que aproveita uma base mais abrangente de talento e capacidades para estimular o seu conjunto de produtos.

A plataforma de pagamentos Square permite que salões de beleza, camiões alimentares ou electricistas processem os pagamentos facilmente. Os kits de programador de software da Square (SDKs) e as APIs são livres para serem utilizadas. Os clientes beneficiam de ideias e inovações diferentes, e têm a liberdade das aplicações preexistentes.

DOMINAR A CULTURA DE ECOSSISTEMAS

As empresas mais bem-sucedidas no ecossistema são as que abraçam uma cultura de ecossistemas. Só então conseguem gerir uma colaboração estratégica, sistemática e programática nas principais capacidades que possibilitam um ecossistema – partilha de dados, pool de talento e desenvolvimento da plataforma.

É preciso aprender com os especialistas dos ecossistemas e procurar abordagens mais arrojadas para aproveitar a oportunidade de criar:

➜ Adoptar a mentalidade. Abracem a noção de colaboração. A maior parte dos especialistas (77%) está aberta a parcerias em diversas áreas.

➜ Liderar a partir do topo. Reúnam o empenho da administração, que dedicará tempo e recursos para o desenvolvimento de um ecossistema bem-sucedido. Definam claramente um cargo para liderar o ecossistema – 62% dos especialistas colocam o CEO como responsável pela estratégia do ecossistema.

➜ Ver para lá das quatro paredes. Partilha significa sucesso. Mais de metade (61%) dos especialistas procura oportunidades na cadeia de valor para colaborar porque compreende os valores em jogo. Estejam dispostos a partilhar dados para ganharem mais perspectivas e talento, de forma a criarem capacidades mais sólidas que atraiam clientes. Partilhem valor através de plataformas desenvolvidas em conjunto.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 156 de Março de 2019.

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