A sustentabilidade como eixo central da construção dos edifícios de amanhã

A sustentabilidade está na ordem do dia. À medida que nos aproximamos do final do ano, e no rescaldo da realização da COP26, organizações de todos os setores estão a refletir sobre os seus processos e a começar a delinear planos para maximizar a sustentabilidade das suas operações em 2022.

Executive Digest
Dezembro 23, 2021
8:30

A sustentabilidade está na ordem do dia. À medida que nos aproximamos do final do ano, e no rescaldo da realização da COP26, organizações de todos os setores estão a refletir sobre os seus processos e a começar a delinear planos para maximizar a sustentabilidade das suas operações em 2022.

As alterações climáticas são, acima de tudo, um problema energético: a energia é responsável por mais de 80% das emissões mundiais de CO2; e o setor dos edifícios, por si só, representa cerca de 40% do consumo de energia na Europa e 30% em Portugal. Para combater as alterações climáticas é necessário melhorar o desempenho energético dos edifícios – quer dos existentes, quer dos novos. O segredo para minimizar o impacto destes no meio ambiente e promover a segurança e conforto dos ocupantes está na combinação da digitalização com a eletrificação.

Num momento em que, em Portugal, o setor da construção está a ultrapassar os níveis pré-pandemia, importa refletir sobre a importância de adotar uma filosofia sustentável logo desde o início dos projetos, e até à fase final de operação e manutenção. Os chamados “edifícios do futuro” serão seguros, confortáveis, sustentáveis, resilientes e, definitivamente, elétricos e digitais. Neste sentido, a abordagem aos projetos deve incluir, desde logo, uma forte componente tecnológica, com vista a conseguir o menor consumo de energia possível, e contemplar fontes renováveis no próprio edifício ou na sua envolvente imediata.

No pós-pandemia, os próprios ocupantes prezam cada vez mais o conforto e a personalização dos espaços de acordo com as suas necessidades específicas. De repente, passámos a estar a maior parte do tempo em casa – uma situação que se manterá a médio e longo prazo para muitas pessoas e empresas. Esta torna-se, portanto, num local de lazer, de descanso e de trabalho, pelo que precisa de ser eficiente e fiável. Os novos edifícios podem ser pensados para antecipar, desde logo, as necessidades relacionadas com o teletrabalho e, assim, garantir as condições de vida ideais aos futuros ocupantes – assegurando-lhes, por exemplo, um ótimo aproveitamento das horas de sol.

Por outro lado, tendo em conta o aumento dos preços da produção de eletricidade ao longo do ano e, consequentemente, das tarifas anuais já a partir de janeiro, é importante que os ocupantes dos edifícios se sintam acompanhados no processo de poupança energética que certamente quererão realizar. Felizmente, as soluções inteligentes e os sistemas digitais de gestão de edifícios já permitem saber as melhores horas para operar os eletrodomésticos sem que os custos disparem – e podem mesmo levar a uma redução de 20-30% na fatura da luz.

Este é, então, mais um dos benefícios de “pensar sustentável” desde o primeiro momento da idealização de um edifício: para além das vantagens a nível de conforto e sustentabilidade, é uma escolha acertada também a nível financeiro. Tendo em conta a relação custo-benefício, rapidamente nos apercebemos de que compensa mais adotar esta postura desde logo, do que ter de reabilitar o imóvel mais tarde. Assim, devemos trabalhar para assegurar de imediato uma gestão otimizada do espaço, com recurso a sistemas de arquitetura aberta que promovam a interoperabilidade entre dispositivos, a adoção de soluções de abastecimento de energia (como as microgrids), e o investimento em fontes de energia renovável, entre outras estratégias.

O segredo está nos dados: quanto mais dados obtivermos sobre um edifício, maior será a nossa capacidade para tomar as decisões certas relativamente à sua gestão. A sustentabilidade energética deve ser uma prioridade desde o momento do projeto de um novo edifício; e por outro lado, no caso do parque existente, as decisões acertadas podem ter de passar pela sua reabilitação, ou pela aquisição de determinados dispositivos e soluções modernos.

A boa notícia é que em Portugal já é possível observar, a vários níveis, tendências de eficiência energética e de sustentabilidade, como a forte adesão à mobilidade elétrica e o aparecimento de novos modelos de produção e consumo de energia (de que são exemplos o autoconsumo ou o consumo comunitário). A nível governamental também tem sido dada prioridade a estas matérias: até 2024 os edifícios de comércio e serviços terão obrigatoriamente de disponibilizar postos de carregamento de VE; e pretende-se que as energias renováveis representem 80% do consumo elétrico nacional até 2030.

Em todas as indústrias, setores e regiões do país, é hora de assumir a responsabilidade pelos espaços onde vivemos e trabalhamos. As novas construções devem ser projetadas tendo em vista o mínimo consumo e a máxima eficiência energética, e a infraestrutura existente deve ser reabilitada para melhorar as condições de vida dos seus ocupantes, da comunidade envolvente e, em última análise, do próprio planeta. O edifício de amanhã é aquele que escolhermos construir hoje.

 

Victor Moure

Country Manager Portugal, Schneider Electric

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