O Kremlin afirmou esta sexta-feira que um encontro entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é “certamente necessário”, mas sublinhou que tal reunião exige uma preparação minuciosa e só deverá acontecer se tiver resultados tangíveis.
A declaração foi feita pelo porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, em resposta às palavras de Trump, que manifestou disponibilidade para se encontrar com Putin “assim que for possível agendar”. A declaração do chefe de Estado norte-americano foi feita num momento em que decorrem negociações de paz entre representantes russos e ucranianos, em Istambul, num esforço renovado para pôr fim à guerra na Ucrânia — o conflito mais sangrento em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial.
“Tal encontro é certamente necessário. É necessário, sobretudo, do ponto de vista das relações bilaterais entre a Rússia e os Estados Unidos, e também para permitir uma conversa séria, ao mais alto nível, sobre assuntos internacionais e problemas regionais, incluindo, naturalmente, a crise na Ucrânia”, afirmou Dmitry Peskov, citado pela agência Reuters.
Paz na Ucrânia em foco
As declarações de Moscovo surgem no mesmo dia em que as delegações da Rússia e da Ucrânia se reuniram em Istambul para o que foi apresentado como o primeiro encontro direto de negociações de paz entre os dois países em mais de três anos. A pressão de Washington tem sido crescente para encontrar uma solução diplomática que ponha fim ao conflito, com Trump a reiterar que “a guerra tem de acabar”.
Segundo Peskov, a equipa de negociadores russos em Istambul mantém comunicação constante com Moscovo, e o presidente Putin está a ser informado “em tempo real” sobre o desenrolar das conversações.
Apesar da declaração do Kremlin indicar abertura para um reencontro entre os dois líderes — que se reuniram pela última vez durante a cimeira do G20 em Osaka, Japão, a 28 de junho de 2019 —, Moscovo insiste que qualquer iniciativa desse tipo não deve ser simbólica, mas sim “preparada com antecedência e com a clara expectativa de resultados concretos”.
A possível cimeira entre Putin e Trump poderá, segundo analistas, tornar-se um marco diplomático relevante na tentativa de restaurar o diálogo entre Moscovo e Washington, atualmente estremecido por múltiplos dossiês, incluindo o conflito na Ucrânia, o controlo de armas nucleares, e as sanções económicas que continuam a isolar a Rússia do Ocidente.














