Bielorrússia vai hoje a ‘eleições’: Parlamento Europeu não vai reconhecer nova vitória ‘certa’ de Lukashenko

A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Bielorrússia registou o presidente Alexander Lukashenko como candidato presidencial para as eleições deste domingo, apresentando-se, assim, a um sétimo mandato, segundo a agência noticiosa bielorrussa ‘BELTA’: além de Lukashenko, cuja vitória nas eleições presidenciais de 2020 não foi reconhecida nem pela oposição nem pelo Ocidente e desencadeou os maiores protestos da história recente do país e uma repressão policial sem precedentes, a CEC registou quatro outros candidatos.

Entre os registados encontra-se a empresária Anna Kanopatskaya, que se opõe à aproximação com a Rússia e, em particular, à União Estatal dos dois países, além de apelar à saída da aliança militar pós-soviética da Organização do Tratado de Segurança Coletiva e da Comunidade de Estados Independentes.

Também os presidentes dos partidos Liberal Democrático da Bielorrússia (PLDB), Oleg Gaidukyevich, e Republicano do Trabalho e da Justiça (ORTJ), Alexand Juzhniak, bem como o primeiro secretário do Partido Comunista da Bielorrússia (PCB), Sergey Sirankov, poderão participar na campanha eleitoral.

Segundo a CEC, a candidatura de Lukashenko foi apoiada por mais de 2,5 milhões de eleitores, seguido pela de Gaidukévich (134.472), Sirankov (125.577), Kanopátskaya (121.077) e Juzhniák (112.779).

As ‘eleições’ deste domingo vão motivar protestos de cidadãos bielorrussos espalhados pelo mundo, contra a ditadura de Lukashenko.

Parlamento Europeu quer reforçar sanções da UE contra a Bielorrússia

O Parlamento Europeu já denunciou haver “graves violações contínuas e de longa data dos direitos humanos e dos princípios democráticos na Bielorrússia”, e que essas violações “se intensificaram ainda mais na preparação para a chamada eleição presidencial de 26 de janeiro”.

“O Parlamento pede à UE, aos Estados-Membros e à comunidade internacional que não reconheçam a legitimidade do ditador em exercício Alexander Lukashenko como presidente após a votação”, apontou.

Os eurodeputados observaram que, ao contrário de 2020, este ano há apenas “candidatos” ‘pro forma’ a desafiá-lo nestas eleições e defenderam que todo o regime bielorrusso é ilegítimo. O Parlamento Europeu expressou “o seu apoio inabalável ao povo bielorrusso na sua procura por democracia, liberdade e direitos humanos”.

Os eurodeputados manifestaram ainda preocupação com a situação dos presos políticos na Bielorrússia, onde haverá mais de 1.200, de acordo com a organização bielorrussa de direitos humanos Viasna.

Assim, a resolução do Parlamento Europeu “apela à UE e aos seus Estados-Membros para que continuem a investigar os abusos dos direitos humanos no país e apoiem medidas de responsabilização, incluindo através da aplicação do princípio legal da “jurisdição universal”.

“Os eurodeputados também denunciam a cumplicidade do regime de Lukashenko na guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia e condenam a sua subordinação deliberada da Bielorrússia à Rússia num chamado estado de união. Eles instam a UE e os seus parceiros internacionais a alargar e a reforçar as sanções contra indivíduos e entidades responsáveis ​​pela repressão na Bielorrússia e pela participação da Bielorrússia na guerra da Rússia na Ucrânia”, concluiu. Uma posição expressa na resolução aprovada por 567 votos a favor, 25 contra e 66 abstenções.