“Não será um sábado normal”: grupo ambientalista convoca portugueses para manifestação e ação de resistência civil em Lisboa
Lisboa vai receber, no próximo sábado, uma manifestação e ação de resistência civil ‘Parar Enquanto Podemos’: o protesto, convocado publicamente pelo coletivo Climáximo, tem como objetivo “parar de normalizar a violência da crise climática” e criar uma “mobilização popular massiva” capaz de desmantelar a indústria fóssil e implementar um plano de transição assente na justiça social e que respeite os limites planetários.
“Neste momento, decorre a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (COP29), onde, em teoria, se discutem soluções para evitar o apocalipse. Mas o que é que vemos nas televisões? Há pastéis de nata no pavilhão de Portugal, e o presidente do Azerbaijão refere-se ao petróleo e ao gás como uma dádiva de Deus”, acusou Inês Teles, porta-voz do coletivo. “A banalização do colapso é total, enquanto Governos e empresas fósseis têm carta branca para expandir o seu arsenal de bombas de carbono, perpetuando ataques numa guerra contra a humanidade e o planeta.”
“No fim destas duas semanas de discussões vazias, após a eleição de um negacionista climático nos EUA e a aprovação, aqui, de um Orçamento do Estado que trata a crise climática como uma nota de rodapé, estaremos nas ruas para garantir que este não seja apenas mais um sábado normal”, refere o comunicado do Climáximo.
“Recusamo-nos a seguir com as nossas vidas como se mais de 200 pessoas não tivessem morrido afogadas nas cheias em Valência, e como se não estivéssemos todos cada vez mais vulneráveis. Nada disto é natural ou inevitável: é o resultado direto das decisões dos nossos Governos e das empresas, de continuar a queimar combustíveis fósseis para proteger os seus lucros, mesmo sabendo que isso equivale a condenar a humanidade à miséria e morte no inferno climático. Temos de pará-los enquanto podemos”, sustentou a porta-voz do grupo ambiental.
O protesto terá início às 15h na Praça Paiva Couceiro e segue pela Rua Morais Soares, onde serão interpeladas dezenas de pessoas nos passeios, cafés e lojas, convidando-as a juntarem-se à mobilização. Ao chegar à Praça do Chile, esta será bloqueada para “quebrar a normalidade catastrófica em que vivemos” e “abrir espaço na sociedade para a discussão urgente que não está a acontecer nos centros de poder: como agir em conjunto perante a maior crise que a humanidade já enfrentou”.
“A crise climática e as crises sociais não estão apenas interligadas; são, na verdade, a mesma coisa, e afetam todas as pessoas que vivem neste momento histórico. Eles são poderosos, mas nós somos milhões, e juntas podemos puxar o travão de emergência e desmantelar a indústria fóssil antes que seja tarde demais.”