Imagens de satélite mostram instalações nucleares iranianas destruídas em ataque de Israel
Israel terá atingido instalações nucleares e centros de produção de misseis no Irão, de acordo com análises da CNA (Center for Naval Analyses), organização norte-americana de investigação financiada pelo governo federal dos EUA. O ataque, ocorrido na madrugada de sábado, teve como alvo as instalações nucleares extintas do Plano Amad, bem como centros de produção de combustível sólido para mísseis, contrariando declarações anteriores de Israel de que o objetivo das três ofensivas se limitava a fábricas de mísseis.
A CNA, com sede na Virgínia, Estados Unidos, revelou a existência de destruição em Parchin e Khojir, duas das maiores instalações militares próximas de Teerão, segundo imagens satélite analisadas por David Albright, antigo inspetor de armas da ONU, e Decker Eveleth, analista de investigação da CNA. Em julho, a agência Reuters tinha já noticiado uma expansão significativa em Khojir, uma das áreas agora visadas, sugerindo uma possível intensificação da capacidade de produção de mísseis no Irão. Para os analistas da CNA, o ataque israelita “poderá ter significativamente reduzido a capacidade iraniana de produção massiva de mísseis”.
Albright utilizou a rede social X para divulgar as imagens de Taleghan 2, parte do complexo de Parchin, onde são visíveis três edifícios destruídos. Taleghan 2 era conhecido por ter sido usado em testes nucleares do Plano Amad, projeto nuclear iraniano desativado em 2003, segundo a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e serviços de inteligência dos EUA. Albright, atualmente diretor do Instituto de Ciência e Segurança Internacional, explicou que Taleghan 2 tinha sido preparado para futuras atividades nucleares antes do encerramento oficial do programa. Mesmo com a interrupção do programa, o edifício continuava a albergar equipamento de teste relevante. “Ainda que o Irão tenha retirado parte dos materiais, a presença destes edifícios representa uma potencial retaguarda para futuros desenvolvimentos nucleares”, afirmou Albright.
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— Aurora Intel (@AuroraIntel) October 26, 2024
Eveleth, especialista da CNA, reforça à Newsweek que Israel conseguiu destruir edifícios essenciais para a produção de mísseis balísticos, incluindo três instalações de mistura de combustível sólido em Parchin e um armazém no complexo Khojir. Segundo o especialista, imagens comerciais de satélite da Planet Labs mostraram que “edifícios que albergavam misturadores de combustível sólido” foram destruídos. Ele explicou que estes misturadores industriais são dispositivos caros e de difícil reposição para o Irão, pois exigem componentes importados e sujeitam-se a regulamentação de exportação rigorosa. “A perda destes misturadores pode ter um impacto significativo na capacidade do Irão de produzir misseis balísticos em massa e aumentar a dificuldade de lançamento contra as defesas antiaéreas israelitas”, concluiu Eveleth.
For more on Taleghan 2’s role in Iran’s former nuclear weapons program please read: https://t.co/9VpBfidbSw See also @TheGoodISIS It will be interesting to find out why it was struck. https://t.co/BciXU3kIdV
— David Albright (@DAVIDHALBRIGHT1) October 27, 2024
Apesar das evidências sobre a destruição em instalações associadas ao extinto Plano Amad, o governo iraniano continua a afirmar que não procura armas nucleares, mantendo o compromisso assumido em 2003, quando o programa foi encerrado. Israel, contudo, mantém a acusação de que o Irão conserva meios técnicos para reativar o desenvolvimento nuclear, especialmente após uma operação da Mossad em 2018, quando o serviço de inteligência israelita obteve documentos e materiais que, alegadamente, revelariam capacidades nucleares de longo prazo.
Expansão em Khojir e Modarres é confirmada por fontes iranianas
A Reuters obteve, ainda, confirmação de três altos funcionários iranianos que reconheceram a recente expansão de capacidades nos complexos de Khojir e Modarres, locais essenciais para o aumento da produção de mísseis balísticos no Irão. Os funcionários corroboraram a teoria de Jeffrey Lewis, especialista do Instituto Middlebury de Estudos Internacionais, sobre a intensificação da produção e desenvolvimento de mísseis.