Portugueses recorrem cada vez mais ao crédito pessoal para pagar rendas e comida, denuncia associação: 75% dos agregados em dificuldades tem emprego

A subida das rendas está a fazer as famílias recorrer ao crédito pessoal para cobrir os custos, denunciou esta quarta-feira a DECO: de acordo com o ‘Diário de Notícias’, o número de créditos por família subiu de cinco para seis no espaço do último ano, sendo que o crédito à habitação, os créditos pessoais, os cartões de crédito e o crédito automóvel, que desde 2012 “praticamente tinha desaparecido, mas está a ganhar novamente força”, estão em destaque.

A habitação e alimentação “continuam a ser os grandes dramas para as famílias”, denunciou a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor. “Temos muitas situações de pessoas que não têm crédito à habitação e que moram em casas arrendadas, mas têm vários crédito que são, na maioria, contratados para fazer face às despesas ou até ao pagamento da rende. Servem para cobrir aqueles mês de caução mais o valor da renda”, apontou Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira (GAF) da DECO.

Até setembro, a associação tinha recebido cerca de 20 mil pedidos de ajuda de famílias sobre-endividadas, um número que segue os registados em 2023: a maioria (75%) chega de pessoas com emprego, sendo que as restantes dividem-se entre reformados e desempregados.

O rendimento médio das famílias que recorrem à DECO subiu para 1.350 euros (1.250 euros em 2023), sendo que a maior fatia (60%) diz respeito a agregados com dois ou mais elementos e que ganham, em média, 1.600 euros líquidos por mês, sendo que 1.200 euros (75%) do rendimento destina-se ao pagamento de créditos. Os restantes 40% correspondem a famílias constituídas por apenas um elemento, com rendimento médio mensal de mil euros líquidos, sendo que 700 euros são canalizados para as prestações aos bancos.

“É precisamente o aumento do custo de vida que está a afetar as famílias. Ao contrário do que aconteceu há uns anos, quando o desemprego afetava o poder de compra das famílias, atualmente a maioria das pessoas que nos pede ajuda está a trabalhar. A habitação e a alimentação são as grandes dores de cabeça, com os custos em constante evolução”, referiu Natália Nunes.

Até agosto deste ano, as famílias perderam 5,5 mil milhões de euros de crédito ao consumo, um aumento de 8,7% face ao mesmo período do ano passado, revelou o Banco de Portugal.”Resulta da tentativa que as famílias estão a fazer para manter em dia as suas responsabilidades com os créditos”, precisou a responsável da associação.

“As pessoas necessitam desesperadamente de habitação, não a conseguem encontrar porque os preços das rendas nas grandes cidades são proibitivos para quem tem rendimentos pouco acima do salário mínimo nacional. Mas como as pessoas necessitam a todo o custo de habitação, acabam por se sujeitar a fazer os empréstimos”, salientou Natália Nunes.

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