No âmbito de uma operação policial conduzida pela Polícia de Segurança Pública (PSP) no último domingo, na chamada ‘Operação Bilhete Dourado’, foram realizadas buscas em diversos pontos do Estádio do Dragão e em residências de cerca de uma dezena de suspeitos, numa ação relacionada ao comércio ilegal de bilhetes para jogos do Futebol Clube do Porto. O Ministério Público suspeita que a empresa Porto Comercial teria um papel central como alegada “sede/motor” de um esquema sofisticado que desviava bilhetes dos jogos para o mercado negro, causando prejuízos financeiros significativos ao clube.
De acordo com as informações avançadas pelo Jornal de Notícias, após a prisão de Fernando Madureira, conhecido como ‘Macaco’, uma das suas filhas teria assumido o controle do negócio de venda de bilhetes da claque Super Dragões (SD). O esquema teria evoluído ao ponto de a claque montar um “call center” dedicado à receção de pedidos de bilhetes e orientação de pagamentos, utilizando até mesmo o serviço MB Way para receber o valor dos ingressos.
A PSP executou buscas domiciliárias que incluíram membros da família do ex-líder dos SD, Fernando Madureira, e indivíduos ligados a empresas associadas ao universo do clube, como a Porto Estádio e a Porto Comercial.
A investigação, batizada de “Operação Bilhete Dourado”, teve origem a partir da “Operação Pretoriano”, na qual surgiram indícios robustos da comercialização irregular de bilhetes com lucros expressivos. As suspeitas indicam que o esquema lesava os interesses financeiros do FC Porto, mas contava com a participação de funcionários da Porto Comercial, que supostamente geriam e emitiam os bilhetes para os jogos em colaboração com os SD. Em troca dessa cooperação, os SD garantiam apoio irrestrito à direção do clube.
Desde a detenção de Fernando e Sandra Madureira, a distribuição fraudulenta dos bilhetes teria passado a ser gerida pela filha do casal, Catarina, que teria sido flagrada em diversas ocasiões vendendo ingressos. Os bilhetes, inicialmente destinados aos cerca de quatro mil associados dos SD, acabavam sendo vendidos a qualquer pessoa interessada, com os preços variando de acordo com a importância do jogo. Durante as buscas, a PSP apreendeu milhares de bilhetes e uma quantia considerável de dinheiro em espécie.
O esquema revelou-se tão sofisticado que os SD chegaram a criar um “call center” online para facilitar a venda irregular de bilhetes, utilizando um grupo no WhatsApp. Este “balcão virtual” fornecia até mesmo códigos MB Way para facilitar o pagamento dos bilhetes, que eram então enviados em formato digital através do aplicativo de mensagens.
Além disso, o Ministério Público recolheu indícios de outros esquemas que envolvem, por exemplo, o desvio de bilhetes para venda no mercado negro. Estes incluíam a venda de bilhetes reservados a funcionários do clube, bilhetes-convite e bilhetes destinados às casas do FC Porto espalhadas pelo país. Fernando Saul, ex-oficial de ligação aos adeptos do clube, está entre os suspeitos de participação nesses esquemas.
A investigação continua em curso para desvendar todas as ramificações do esquema de venda ilegal de bilhetes do clube e identificar todos os responsáveis envolvidos.
Operação Bilhete Dourado. 4 mil bilhetes e 44.510 euros apreendidos
Foram apreendidos quatro mil bilhetes de jogos do FC Porto, 44.510 euros, documentação relacionada com a venda ilegal dos ingressos e foram ainda feitos 13 arguidos, na sequência da Operação Bilhete Dourado.
Em declarações à agência Lusa, fonte oficial da PSP disse, no domingo à noite, que a operação resultou na “apreensão de cerca de quatro mil bilhetes de vários jogos do FC Porto, 44.510 euros em numerário, uma tocha, diversa documentação relacionada com a venda e distribuição ilegal de bilhetes, diversos equipamentos informáticos e telefónicos, várias máquinas fotográficas com conjuntos de objetivas e 323 cartões de sócio do Grupo Organizado de Adeptos Super Dragões”.
Além disso, 13 pessoas foram constituídas arguidas.
As diligências foram ordenadas pelo Ministério Público e Juiz de Instrução Criminal, tendo sido executadas com o apoio operacional da PSP, inclusivamente da sua Unidade Especial de Polícia (UEP).













