O Ártico poderá ficar praticamente sem gelo em apenas 10 anos – e isso significa que intensas ondas de calor vão assolar a Terra, alertam cientistas

O gelo marinho do Ártico naturalmente ‘encolhe’ no verão e congela no inverno, mas um novo estudo descobriu que a região poderá estar maioritariamente “sem gelo” daqui a apenas 10 anos.

Uma equipa de cientistas da Universidade do Colorado Boulder descobriu que o gelo está a derreter mais do que o normal no verão e a congelar de volta em menor quantidade no inverno, segundo dados da NASA. Os especialistas concluem que o primeiro período sem gelo no Ártico pode ocorrer já esta década, com uma diminuição de quase 25 por cento.

Menos gelo significa que os oceanos aquecerão mais rapidamente, derretendo mais das calotas de gelo e contribuindo para ondas de calor na Terra (em maior número e intensidade). A perda de gelo do mar no Ártico tem sido observada desde pelo menos 1978, quando a NASA começou a observá-lo com satélites e, a 19 de setembro de 2023, o Ártico registrou sua sexta menor extensão mínima de gelo desde que há registos.

“Ao que parece, o gelo marinho do Ártico está a caminho de alcançar mínimos históricos, mesmo que as emissões de gases de efeito estufa sejam reduzidas”, disse Alexandra Jahn, autora principal do estudo e professora associada de ciências atmosféricas e oceânicas do Instituto de Pesquisa Ártica e Alpina da Universidade do Colorado Boulder.

“A redução mínima da cobertura de gelo marinho seria apenas de, em média, um mês, mas ao longo do tempo está a durarar mais”, acrescentou Jahn. “Isso pode transformar o Ártico num ambiente completamente diferente, de um Ártico branco de verão para um Ártico azul”. O estudo foi publicado na revista Nature Reviews Earth & Environment.

As previsões são baseadas em muitos outros trabalhos científicos anteriores e não em apenas numa única fonte de dados. “A perda de gelo dessa magnitude terá múltiplas consequências”, continua Jahn, citada pelo Daily Mail. “Mesmo se as condições sem gelo forem inevitáveis, ainda precisamos manter as nossas emissões o mais baixas possível para evitar condições sem gelo prolongadas”.

Para os ursos polares, que precisam de gelo marinho para caçar, a situação tem-se deteriorado nos últimos anos. Com menos gelo para viajar e caçar, a sua situação piorará e pode mesmo correr risco de extinção.

Para mais navios no Ártico, surgem novas questões para a vida selvagem. Os motores dos navios emitem ruídos de baixa frequência que podem abafar o canto das baleias, tornando mais difícil para espécies que habitam o Ártico, como a baleia azul, encontrar seus pares.

Da mesma forma, o gelo derretido gera mais gelo derretido – e o aquecimento leva a mais aquecimento. Os campos de gelo ártico refletem a luz solar de volta para o espaço, evitando que aqueça o oceano. Mas à medida que a cobertura de gelo diminui, há menos superfície refletora para refletir os raios do sol de volta

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