PSP inicia ronda de quatro dias de protestos: autoridades querem discutir com ministro nova tabela salarial apresentada “há meses”
A PSP vai iniciar esta quinta-feira o primeiro de quatro dias de protestos, convocados pela Associação Sindical dos Profissionais da PSP (ASPP/PSP), revelou o presidente da associação, Paulo Santos.
“Estaremos presentes para acompanhar o que é necessário do ponto de vista da preservação dos interesses dos polícias que vão estar a trabalhar no evento, iremos monitorizar e registar o que acontece no evento”, explicou o responsável, que admitiu igualmente a realização de ações de protesto em festivais de verão.
O objetivo é ver de perto as condições que a PSP vai garantir aos agentes, num momento em que o ministro da Administração Interna já garantiu que os polícias vão beneficiar de uma redução de horários e que o trabalho excecional vai ser pago, tal como as ajudas de custo, a 100%.
“Controlo de fronteiras, reforço operacional, condições remuneratórias pelo trabalho excecional, ajudas de custo a 100% para deslocados, turnos reduzidos de oito horas para seis horas, condições de alojamento, transporte, refeições, articulação com o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais e testes às redes de comunicações são algumas das importantes matérias que têm sido acauteladas”, garantiu José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna, durante a audição na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades Garantias.
Para o responsável da associação, os anúncios do Governo são vistos como uma “hipocrisia” – “só falta dizer que o próprio ordenado dos polícias é uma dádiva do ministério”, ironizou Paulo Santos, garantindo que o que vai ser atribuído aos polícias “decorre da especificidade da missão, não é uma compensação e decorre do enquadramento que os polícias vão ter” na JMJ, pelo que as palavras do ministro “não têm qualquer adesão à realidade”.
Paulo Santos desafiou ainda José Luís Carneiro a “sentar-se à mesa” com os polícias para responder à proposta de tabela salarial enviada pela ASPP “há uns meses”. “Queremos que o senhor ministro nos diga o que está a pensar fazer relativamente à tabela remuneratória, às tabelas de ajudas de custo e ao efetivo, concretamente a nível de admissões e de saídas”, explicou o responsável sindical.
Ministro mostra abertura para o diálogo
José Luís Carneiro manifestou-se disponível para dialogar com os sindicatos da PSP, reconhecendo que tem vindo a ser feito “um grande esforço” na resolução dos principais problemas, mas admitiu que “há um longo caminho a percorrer”.
“Há um caminho que tem vindo a ser feito. Como é evidente não podemos em pouco tempo ultrapassar objetivos que em alguns casos têm duas décadas, é preciso dar tempo ao tempo”, referiu o ministro das Infraestruturas, depois de uma reunião com oficiais e chefes da Polícia de Segurança Pública com funções de comando das equipas que estarão no policiamento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
“Estão identificadas as áreas em que podemos evoluir rapidamente, nomeadamente as questões na saúde, higiene e segurança no trabalho e a reavaliação dos serviços remunerados”, precisou, dando conta de que tem sido feito “um trabalho muito intenso” na área dos investimentos em infraestruturas e equipamentos, habitações e alojamentos dos polícias.
Vários sindicatos da PSP têm previstos protestos, por ocasião da JMJ, para reivindicar a resolução de alguns problemas, sendo a principal exigência a alteração da tabela remuneratória.
Também a Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, que congrega elementos da PSP, GNR, guardas prisionais, Polícia Marítima e ASAE, iniciou, na passada segunda-feira, uma série de ações de protesto, com a distribuição de panfletos nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, contestando as atuais condições de trabalho.