Portugal está em risco “de enfrentar uma crise de saúde pública”, alertam farmacêuticos: milhares de portugueses não conseguem obter medicamentos nas farmácias

Portugal está em risco “de enfrentar uma crise de saúde pública”, alertou esta quarta-feira o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, em declarações à rádio ‘Renascença’ numa altura em que a rutura de stock de vários fármacos está a impedir milhares de portugueses de obterem as receitas nas farmácias.

Hélder Mota Filipe sustentou que “falhas no abastecimento de medicamentos sempre aconteceram e vão continuar a acontecer. O que me preocupa mais é o aumento desta frequência”, assumiu. “Continuamos com um número significativo de falhas no mercado. Nem todas são ruturas de stock completas, são dificuldades maiores das farmácias conseguirem aceder a estes medicamentos”, relatou o especialista.

Os farmacêuticos, aliás, “passam grande parte do seu tempo, que devia ser assistencial, a tentar identificar fornecedores alternativos para continuar a ter os medicamentos”, sendo que nesta altura não há instrumentos que respondem às necessidades dos pacientes.

“É preciso rever a forma como os medicamentos estão a ser comparticipados e como é que estamos a garantir o acesso dos doentes a estes medicamentos. Quanto mais tarde fizermos isto, maior é a probabilidade para aumentar os problemas de acesso que já temos”, garantiu Hélder Mota Filipe.

O Infarmed já proibiu a venda ao exterior de mais de uma centena de medicamentos. “Isso não resolve o problema”, alertou o bastonário, avançando que a solução passa por criar uma reserva estratégica de medicamentos “É fundamental, não tanto para resolver estes problemas, mas para termos um conjunto de medicamentos por razões de saúde pública ou de catástrofe, quando realmente precisarmos deles”, apontou.

Entre os medicamentos em falta nas farmácias, estão sobretudo os antibióticos pediátricos, antidiabéticos, alguns medicamentos genéricos mais baratos e tratamentos para a asma.

O Ministério da Saúde avançou que “não tem conhecimento de falhas generalizadas a nível nacional, podendo ocorrer situações pontuais e localizadas” e que estas são “objeto de intervenção por parte da entidade competente, em diálogo com os operadores, que têm a responsabilidade de planear o abastecimento do mercado, dispor de stocks de segurança, instrumentos e mecanismos para evitar a ocorrência de ruturas, notificando atempadamente a autoridade do medicamento”.

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