Desastre nuclear à vista? Ucrânia diz que Rússia lançou mais cinco ataques à central de Zaporíjia na quinta-feira: “São tempos negros”
A empresa estatal que gere as centrais nucleares na Ucrânia, a Energoatom, denunciou que, na quinta-feira, foram registados cinco novos ataques junto da central nuclear de Zaporíjia, perto do “armazém de fontes de radiação”, acusando as forças russas de continuarem a ameaçar a segurança das instalações.
A Energoatom apontou também que a relva em torno da central foi incendiada na sequência dos ataques, mas que não houve feridos e que “a situação na central está sob controlo”.
O responsável da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, salientou que a atividade militar junto em Zaporíjia, a maior central nuclear da Europa, é “muito alarmante” e poderá ter “consequências perigosas” para toda a região, numa altura em que a segurança da central “tem estado a deteriorar-se muito rapidamente”.
“I remain very concerned about situation at #Zaporizhzya NPP and reiterate that any military actions jeopardizing nuclear safety & security must stop immediately. These military actions near such a large nuclear facility could have serious consequences.”—@rafaelmgrossi at #UNSC
— IAEA – International Atomic Energy Agency (@iaeaorg) August 11, 2022
Aos países do Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde a Rússia se senta como Membro Permanente, Grossi afirmou que “estes são tempos sérios, são tempos negros, e a AIEA deve poder conduzir a sua missão em Zaporíjia o mais brevemente possível”.
Apesar de dizer que os especialistas não identificaram “ameaças imediatas à segurança” da central devido aos bombardeamentos e às operações militares no terreno, Grossi alerta que “isso pode mudar a qualquer momento”.
Por isso, apelou às partes em conflito que cessem imediatamente todas as ações militares em Zaporíjia, pois é bastante elevada a probabilidade de a segurança nuclear nesse local ser colocada em risco.
Numa publicação da rede social Telegram, a Energoatom escreveu hoje que, devido aos ataques que a central nuclear tem sofrido, “há risco de fugas de hidrogénio e de substâncias radioativas, e o risco de incêndio é elevado”. Contudo, garante que a central “continua a operar e a produzir eletricidade para as necessidades do sistema elétrico doméstico” da Ucrânia.