Há 73 milhões de jovens desempregados em todo o mundo, mais seis milhões do que antes da pandemia

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma agência das Nações Unidas, alertou esta quinta-feira que se prevê que até ao final do ano existam perto de 73 milhões de jovens em todo o mundo que não têm empego. Esse número representa um aumento de seis milhões face aos números pré-pandemia de Covid-19.

Diz a OIT que, desde que foi declarada a emergência global de saúde pública no início de 2020, os níveis de desemprego entre os jovens dos 15 aos 24 anos foram mais elevados quando comparados com os da população de trabalhadores mais velhos. E “as jovens mulheres sofreram mais do que os seus contrapartes masculinos para encontrar emprego”, aponta a organização.

As conclusões são o mais recente relatório “Global Employment Trends for Youth”, publicado hoje, com a vice-Diretora-Geral da OIT, Martha Newton, a afirmar que “sabemos agora que a pandemia de Covid-19 semeou o caos nos mercados de trabalho dos mais jovens em todo o mundo”.

A responsável aponta que a crise pandémica revelou diversas fragilidades na forma como os mercados se adaptam e acolhem os mais jovens, especialmente aqueles que procuram o primeiro emprego, os que não têm estudos superiores e os que têm ainda pouca experiência laboral.

O relatório avança que, em 2020, 23,3% os jovens não trabalhavam, estudavam ou estavam envolvidos em qualquer atividade de formação profissional, o que representa um aumento de 1,5 pontos percentuais face a 2019 e atinge um valor que não se via desde 2007.

No Twitter, o Diretor-Executivo da OIT, Guy Ryder, escreve que “é preciso investimento em educação, capacidades e empregos decentes em setores-chave”.

A análise expõe também profundas desigualdades entre homens e mulheres, apontando a previsões que até ao final deste ano menos de três em cada 10 jovens mulheres estarão empregadas, a nível mundial. Na porção masculina dessa população, a proporção é de mais de quatro jovens empregados por cada 10.

“A desigualdade entre os géneros, que tem dados poucos sinais de esbatimento nas últimas duas décadas, é maior em países mais pobres”, explica o relatório, que aponta também que apenas nos países mais ricos é possível observar uma tendência do crescimento da taxa de emprego entre os mais jovens, estimando-se que até ao final do ano chegue a níveis próximos dos que se registaram em 2019.

A análise não detalha os dados sobre cada um dos países, mas aponta que na região da Europa e Ásia Central a taxa de desemprego jovem deverá chegar aos 16,4% até ao final de 2022, ou seja, 1,5 pontos percentuais acima da média global de 14,9%.

Para colmatar as falhas nos mercados laborais em todo o mundo, a OIT apela aos governos que “implementem políticas verdes e azuis (oceano) sustentáveis”, que estima que poderão gerar até mais de 8,4 milhões de empregos para os mais jovens até 2030.

Em Portugal, dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que no segundo trimestre de 2022 a população desempregada caiu 13,6% face ao mesmo período de 2021, reduzindo a taxa de desemprego estimada para 5,7% até junho deste ano.

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