Crise energética: Consumidores britânicos já devem mais de 1,5 mil milhões de euros aos operadores de luz e gás

Os consumidores britânicos estão a dever mais de 1,5 mil milhões de euros aos fornecedores de eletricidade e gás com os quais têm contratos. Esse é um valor recorde, mas pode subir ainda mais, pois prevê-se que os preços da energia continuem a crescer, à medida que os abastecimentos de gás da Rússia à Europa são cada vez mais reduzidos e o inverno aproxima-se a passos largos.

Segundo avança a ‘Bloomberg’, com base em dados do comparador de preços ‘Uswitch’, em julho as dívidas dos britânicos aos operadores de energia eram mais do dobro do valor que se registava em setembro do ano passado. Só entre abril e julho deste ano, a dívida subiu 10%.

No Reino Unido, “a dívida energética atingiu um máximo histórico na pior altura possível, transformando o aumento dos preços da energia neste inverno numa situação profundamente precária para muitas residências”, explica uma das responsáveis do ‘Uswitch’, Justina Miltienyte.

“A crise do custo de vida já está a pressionar dramaticamente os orçamentos, mesmo durante os meses de verão, numa altura em que as famílias enfrentam dificuldades com o aumento das contas em várias áreas”, acrescenta.

Já em abril, as empresas fornecedoras de energia tinham alertado o governo britânico que um número crescente de consumidores estavam a falhar os seus pagamentos mensais e que a situação poderia vir a piorar.

À semelhança do que se vê por todo o continente europeu, o Reino Unido tem estado a braços com uma crise energética galopante, numa altura em que todo o continente está a preparar-se para um inverno difícil, em que as reservas de gás natural poderão não ser suficientes para suprir as necessidades das populações.

O descontentamento dos britânicos tem vindo a avolumar-se, acusando o governo de não fazer o suficiente para proteger os consumidores dos aumentos significativos dos preços da energia. Um reflexo dessa insatisfação é a campanha “Don’t Pay” (“Não Pague”, em português) que apela ao boicote ao pagamento das contas de eletricidade e de gás, e conta hoje com mais de 97 mil assinaturas de britânicos que se comprometem a deixar de pagar as contas a partir do dia 1 de outubro.

Adicionalmente, esta semana foi noticiado que o governo em Londres está a preparar-se para um inverno de instabilidade energética, sedo que está em cima da mesa um cenário em que o país poderá sofrer vários dias de “apagões”.

Esta terça-feira, entrou em vigor a estratégia europeia, traçada pela Comissão liderada por Ursula von der Leyen e aprovada pelos Estados-membros em Conselho Europeu, que pretendo cortar em 15% o consumo de gás no bloco europeu. O objetivo é garantir que as 27 nações da União Europeia têm energia suficiente para amenizar os impactos dos sucessivos cortes feitos pela Rússia aos volumes de gás que envia para a Europa.

Contudo, as incertezas sobre o que se poderá passar durante os meses mais frios que se aproxima são ainda muitas, mas uma coisa é certa: os países europeus estão a preparar-se para um inverno repleto de instabilidade.