NATO prepara-se para a maior transformação desde a Guerra Fria. Força de resposta rápida da aliança pode aumentar até seis vezes
Entre os dias 28 e 30 de junho, a capital espanhola Madrid vai receber a cimeira do bloco militar transatlântico e tudo aponta para a emergência de uma aliança mais forte com a Rússia na mira.
A NATO tem adiado os planos para se reinventar e para melhor se adaptar a um mundo que em muitos aspetos, mas não em todos, difere da realidade do pós-Segunda Guerra Mundial, quando foi fundada em 1949. Contudo, a guerra lançada pela Rússia sobre a vizinha Ucrânia no passado dia 24 de fevereiro atirou a aliança para as luzes da ribalta da política internacional e relançou o debate sobre a necessidade de reformar a organização.
De acordo com informação recolhida pela ‘Sky News’, em cima da mesa para a cimeira da próxima semana está um plano para aumentar a força de resposta da NATO, com fontes a dizerem que o número de militares da força de resposta rápida da aliança pode mesmo aumentar seis vezes. Contudo, as previsões mais conservadoras, embora confirmem esse reforço, apontam para um aumento mais reduzido.
Da ordem de trabalhos constarão também planos para aumentar a defesa da NATO dos países do seu flanco oriental, esperando-se um envio adicional de milhares de militares da aliança.
Apesar de a Rússia ter sempre sido a principal Némesis do bloco militar transatlântico, espera-se que a cimeira reconfirme o papel do país liderado pelo Presidente Vladimir Putin como “a mais importante e direta ameaça” à segurança internacional.
Além da transformação estrutural da NATO, os 30 países membros deverão ainda aprovar um novo pacote de assistência à Ucrânia, incluindo a transferência para Kiev de sistemas que permitam às forças ucranianas abater drones russos e assegurar o funcionamento dos canais de comunicação militares.
Citado pelo jornal britânico, um oficial das Forças Armadas da Estónia, nação que faz parte da NATO e partilha fronteiras com a Rússia, diz que o governo estónio está a preparar-se para uma possível invasão por parte das forças militares do Kremlin. A mesma fonte afiança que se Putin decidir invadir a Estónia, a Rússia “desaparecerá da face da Terra nas primeiras horas”.
Para a cimeira da próxima semana, era esperada a discussão sobre a integração da Finlândia e da Suécia, mas essas aspirações deverão ser postas em suspenso. A Turquia, membro da aliança, tem lançado uma oposição irresoluta à adesão desses dois países nórdicos, que acusa de albergaram membros do movimento político curdo PKK, que Ancara considera ser uma organização terrorista, tal como a União Europeia e os Estados Unidos.
O Secretário-Geral da NATO diz que estão a ser encetadas negociações entre dos três países para que seja possível dirimir as preocupações levantadas pela Turquia, mas até ao momento não houve quaisquer progressos que permitam antever que o governo turco dê a sua aprovação para a integração da Finlândia e da Suécia. Para isso poder acontecer, todos os 30 Estados-Membros da NATO têm que estar de acordo, e Ancara ainda não está convencida.
Ainda assim, Jens Stoltenberg mantém a esperança de que os dois países nórdicos entrem na NATO “em breve”, embora, para já, não seja possível prever quando isso irá acontecer.