Berlim: sociais-democratas votam a favor da expropriação massiva de grandes proprietários
A secção regional do SPD, liderado pela Presidente da Câmara da capital alemã, aprovou no congresso partidário deste fim-de-semana uma proposta que evidencia uma viragem à esquerda e contraria as promessas eleitorais da autarca.
O mercado imobiliário em Berlim tem sido pressionado por preços cada vez mais elevados, fruto das atividades de grandes grupos na cidade. Em setembro de 2021, foi realizado um referendo local que demonstrou que os residentes berlinenses querem que a Câmara Municipal de Berlim, liderada pela social-democrata Franziska Giffey, exproprie os grupos imobiliários e implemente iniciativas de habitação acessível para combater rendas cada vez mais altas.
O resultado foi a constituição de uma comissão que teria em mãos a responsabilidade de criar o enquadramento legal para a expropriação de cerca de 240 mil habitações, visando grupos como a Deutsche Wohnen, a Vonobia, o Grupo Pears e a Heimstaden.
Nesse mesmo mês, Giffey foi eleita para a liderança da autarquia, com uma plataforma política que afastava a expropriação como sendo a solução para o problema da habitação em Berlim, mas assegurando que iria respeitar o resultado o referendo local. Desde então, o movimento pró-expropriação tem perdido vigor.
Contudo, no congresso do SPD de Berlim este fim-de-semana, Giffey, que está também à frente da secção regional do partido, fez aprovar uma proposta que insta que seja aprovada legislação que permita iniciar as expropriações “o mais rapidamente possível”, conta o ‘ABC’, num volte-face que cindiu o partido e levou alguns críticos internos a pedir a demissão da líder social-democrata.
A comissão eleitoral revelou que tinham existido irregularidades na votação do referendo de 26 de setembro passado, como votações depois do encerramento das urnas e votantes menores de idade, pedindo, por isso, a repetição da votação.