Combustíveis nos três euros por litro? Associação de Petrolíferas diz que é uma previsão extrema, mas não afasta cenário
O preço dos combustíveis tem vindo a subir expressiva e constantemente ao longo dos últimos meses, especialmente desde que a guerra na Ucrânia estrangulou a oferta nos mercados mundiais de abastecimento de petróleo.
Em Espanha, a Confederação Espanhola de Empresários de Estações de Serviço, já admite que os preços dos combustíveis, quer do gasóleo, quer da gasolina, podem chegar aos três euros por litro este verão: “não descarto nenhum cenário”, diz o presidente da Confederação, em declarações ao ‘ABC’.
E em Portugal? A ‘Multinews’ contactou a APETRO, associação nacional representativa da indústria petrolífera, para tentar perceber o que podemos esperar da evolução dos preços dos combustíveis, e se cá, tal como em Espanha, o cenário dos três euros por litro é uma possibilidade.
Em declarações à ‘Multinews’, António Comprido, Secretário-Geral da APETRO, disse que, apesar de esse preço ser “um valor extremo”, a complexidade da atual conjuntura económica a nível mundial torna difícil traçar previsões concretas e com grande grau de certeza, pelo que vários cenários podem estar em aberto.
Ou seja, deste lado da fronteira, a situação cose-se com as mesmas linhas. O responsável explicou que “a volatilidade e a imprevisibilidade dos mercados (…) tornam qualquer exercício de previsão muito difícil”.
António Comprido apontou que, em períodos de grande instabilidade e incerteza, como o que hoje vivemos devido à guerra na Ucrânia e à pandemia, algumas previsões podem sugerir “valores extremos”, e diz que “a história mostra que raramente esses cenários se confirmam”, sugerindo que o valor de três euros por litro poderá ser uma dessas previsões. Contudo, nada garante que esse cenário não se venha, com efeito, a concretizar.
“Trata-se de uma matéria complexa”, reconheceu, “com imensas variáveis, da mais diversa índole e, por isso, as previsões têm uma grande probabilidade de não conseguirem antecipar todos os efeitos que influenciam o comportamento dos mercados e, consequentemente, dos preços finais ao consumidor”.
“A situação geopolítica resultante da guerra e as sanções económicas impostas à Rússia criaram uma situação nova e, consequentemente, ainda mais imprevisível”, argumenta o responsável da APETRO. Contudo, acrescenta que “há outros fatores que contribuem para a alta de preços, como são o caso do crescimento da procura depois da crise pandémica, vários focos de instabilidade noutros países produtores, a redução de investimento que se verificou com a referida crise, que se reflete agora na dificuldade de a oferta corresponder ao aumento da procura”.