Explicador: O que são taxas de juro e como afetam a vida dos cidadãos e das empresas?
Na semana passada, o Banco Central Europeu (BCE) aumentou as taxas de juro em 75 pontos base, a maior subida dos juros do banco central e o maior movimento desta dimensão, desde que em dezembro de 2008 o banco central decidiu em sentido inverso descer as taxas de juro em 75 pontos base. Mas o que são estas taxas e como afetam a vida dos cidadãos?
No novo episódio do BdP Podcast, o organismo dá resposta a estas perguntas e explica como é que estas taxas influenciam a prestação que paga pelo seu crédito.
“As taxas de juro oficiais do BCE são o principal instrumento do banco central para cumprir a missão de garantir a estabilidade de preços na área do euro. Ao fixar estas taxas, procura influenciar indiretamente os preços e manter a inflação em 2% no médio prazo”, começa por explicar o Banco de Portugal.
“As taxas de juro oficiais dizem quanto é que o BCE cobra aos bancos pelos empréstimos que lhes concede ou quanto paga pelos depósitos que os bancos têm no banco central.”
Existem assim três taxas oficiais: a taxa de juro das operações principais de refinanciamento, a taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez e a taxa de juro da facilidade permanente de depósito.
“Em condições normais, o BCE define os níveis destas taxas para influenciar outras taxas de juro na economia”, explica, acrescentando que, os custos dos empréstimos concedidos a famílias e empresas são, assim, diretamente influenciados pelas decisões do organismo liderado por Christine Lagarde.
No entanto, esclarece que “as taxas de juro de referência utilizadas pelos bancos para os seus clientes não são fixadas pelo banco central” e que, em Portugal, “a taxa de juro mais usada nos empréstimos a particulares e empresas é a Euribor, cujo valor desta é definido diariamente no mercado interbancário”.
Por isso, fica a dúvida: Se o BCE não define então as taxas de juro dos créditos concedidas pelos bancos, como é que as pode influenciar?
O Banco de Portugal explica que quando “o BCE altera as taxas de juro oficiais, os custos dos bancos com os empréstimos obtidos no banco central ajustam”, assim como o valor recebido pelos depósitos feitos no BCE. Estas alterações costumam refletir-se na Euribor e nas taxas de juro que os bancos comerciais cobram pelos empréstimos e pagam nos depósitos dos seus clientes.
Explicando isto, significa que, numa situação em que as taxas de juro descem, pedir créditos é mais barato e poupar é menos atrativo, pelo que as famílias e as empresas são mais incentivadas ao investimento e ao consumo. Neste caso, “a economia é estimulada e os preços dos bens e serviços tendem a subir mais. Caso seja necessário encorajar o consumo e o investimento para que a inflação aumento, o BCE” costuma baixar as taxas de juro.
No sentido contrário, se for preciso reduzir a inflação, como é o caso atual, há uma subida das taxas de juro.
O impacto das alterações nas taxas de juro sente-se nas famílias, por exemplo, em termos mensais no crédito habitação, e nas empresas, nos custos de crédito para investimentos.