Semana de trabalho de quatro dias? Perda de produtividade afasta, para já, essa possibilidade

Muito se tem ouvido falar sobre a implementação de semanas de trabalho com apenas quatro dias, procurando conferir aos trabalhadores mais tempo para a vida pessoal e familiar. No entanto, os receios relativos à perda de produtividade levam a maior parte das empresas a afastar esse modelo.

Um estudo de abril conduzido pela consultora Gartner, citado pela ‘Bloomberg’, revela que muitos executivos consideram que uma semana de trabalho mais curta seria uma forte estratégia para captação e retenção de talento. Contudo, os números mostram também uma realidade diferente. Somente 6% dos líderes empresariais de topo confirmam ter implementado ou que estão a considerar implementar este novo sistema. Ainda, 45% dos executivos acredita que uma semana mais curta geraria perdas de produtividade, enquanto 43% aponta como obstáculo à implementação desse modelo a resistência que tal medida poderá enfrentar por parte dos líderes das empresas.

A análise mostra que as empresas, por outro lado, estão mais dispostas a conceder mais tempo de férias pagas ou maior flexibilidade no que toca à gestão do tempo de trabalho, do que adotar semanas de quatro dias.

Avança o mesmo órgão de comunicação social que as empresas receiam que uma semana mais curta afete negativamente os níveis de produtividade. Esta preocupação é partilhada pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP), cujo presidente António Saraiva, citado pela ‘CNN Portugal’ em janeiro, sublinhou que “reduzir em 20% o horário de trabalho e manter os salários significa aumentar o salário em 20%”, o que teria sérias implicações negativas para a saúde das empresas.

Também em Portugal, no âmbito das discussões do Orçamento de Estado para 2022, o partido Livre, representado pelo deputado único Rui Tavares, avançou com uma proposta de um programa-piloto para testar esse novo modelo de trabalho em 100 empresas que escolham participar na experiência, que deveria começar em 2023 e ter uma duração de três anos.

Por agora, a semana de trabalho de quatro dias permanece uma utopia. Apesar de os trabalhadores poderem ver neste regime uma forma de poderem melhor equilibrar a vida profissional com a vida pessoal e familiar, a esfera dos líderes empresariais teme quebras da produtividade, o que se revelaria arriscado numa altura de grande fragilidade económica.

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