Ações de empresas da Internet da China afundam com críticas feitas aos jogos ‘online’
As ações das empresas do setor da Internet na China voltaram hoje a afundar, com a gigante Tencent a cair mais de 10%, após críticas feitas pela imprensa estatal contra o “vício” dos jogos virtuais.
Este setor, particularmente próspero na China, é cada vez mais criticado pelos problemas de dependência entre os mais jovens. As regulações do país proíbem oficialmente menores de 18 anos de jogar ‘online’ entre as 22:00 e as 8:00, mas a lei é amplamente contornada.
O jornal oficial Economic Information Daily estimou que a indústria, que gera milhares de milhões de yuans por mês, se converteu “num ópio mental”.
Na Bolsa de Hong Kong, as ações da Tencent caíram mais de 10%. Também a NetEase Inc. recuou 15%, enquanto as do grupo de transmissão de vídeo e jogos Bilibili Inc. afundaram 14%.
O Economic Information Daily apontou que o jogo excessivo pode ter efeitos nocivos para as crianças e destacou os apelos dos especialistas por uma regulação mais rígida.
“O vício dos menores pela Internet é comum e os jogos ‘online’ têm consequências significativas no seu processo de crescimento”, apontou.
O artigo destacou a Tencent e o popular jogo “Honor of Kings”.
“Alguns alunos jogam, às vezes, até oito horas por dia”, criticou.
Nos últimos meses, Pequim instaurou processos contra diversas empresas do setor, solicitadas a “retificar” práticas até então toleradas, e que abrangem questões como a segurança dos dados, comportamento monopolista e estabilidade financeira.
Novas diretrizes que visam limitar o lucrativo setor do ensino de preparação também enervaram os investidores.
Uma motivação para Pequim é abordar questões sociais, como aliviar as pressões extremas colocadas sobre as crianças pelo sistema de ensino altamente competitivo do país.
Em 2018, a China suspendeu durante um período a emissão de licenças para novos jogos, custando à Tencent mais de mil milhões de dólares em vendas, o que resultou numa queda prolongada no preço das suas ações.
As autoridades têm sido particularmente intransigentes, nos últimos meses, no que diz respeito aos dados pessoais e ao respeito pelos direitos do utilizador.
Pequim convocou os gigantes da tecnologia, na sexta-feira, para os instar a fazerem uma “revisão completa” das suas operações.