Startups de blockchain conseguiram angariar investimento de 3,4 mil milhões de euros no mesmo período em que a Bitcoin sofreu a maior queda desde 2011
Pela primeira vez, o financiamento para startups de blockchain ultrapassou os três mil milhões e meio de euros, de acordo com as contas da CB insigths. O fenómeno aconteceu neste segundo trimestre, exatamente nesta mesma altura em que a Bitcoin e restantes criptomoedas seguiram uma tendência negativa.
Este valor é nove vezes superior, em comparação com o período homólogo. A plataforma de criptomoedas Circle foi a mais beneficiada, tendo conseguido angariar 402 milhões de euros, no mercado bolsista. Mais recentemente, a empresa anunciou uma fusão avaliada em 3,9 mil milhões de euros, com uma empresa de cheques.
Já a Ledger, que desenvolve carteiras para armazenar moedas digitais, atraiu a segunda maior rodada de investimento deste trimestre, ao levantar cerca de 342,2 milhões de euros. Numa entrevista em dezembro, à imprensa norte-americana, o CEO da empresa, Pascal Gauthier, comentou ” que o mercado cripto está a amadurecer, com a presença cada vez mais sentida dos investidores institucionais”.
“Em 2018, não havia nenhuma instituição financeira envolvida em Ofertas Públicas Iniciais (OPI) de empresas de criptoativos, agora há”, explicou. “Hoje em dia, os principais bancos do mundo têm uma estratégia para este mercado”, acrescentou.
Gauthier não mente. No início de maio, o Goldman Sachs entrou na corrida da negociação de derivativos de criptomoedas em Wall Street. O banco informou os seus colaboradores, através de uma circular interna a que a CNBC teve acesso, de que tinha negociado com sucesso a compra de dois derivativos da Bitcoin.
Assinada pelo presidente executivo da Goldman Sachs David Solomon, a missiva explica que “o banco está a tentar intensificar “seletivamente a sua presença no mercado de criptoativos”. Na mesma circular, Solomon lembrou que a empresa lançou esta semana uma nova plataforma de software destinada a apresentar os preços e as novidades do mundo das moedas digitais.
Além da Goldman Sachs, a Morgan Stanley já tinha anunciado que o seu departamento de risco se iria envolver nas negociações em Wall Street relativas às criptomoedas.
O sucesso destas plataformas de criptomoedas com na angariação de investimento no mercado financeiro, destoa com a tendência negativa que tem sido seguida pela mais cotadas moedas digitais do mundo, com especial destaque para a Bitcoin.
Só no mês de maio, a criptoqueen sofreu uma queda de 36%, o pior desempenho mensal desde setembro de 2011. É de recordar que no mês de abril, a Bitcoin chegou a tocar nos 64.000 dólares.
Esta queda foi patrocinada pelo “empurrão” do CEO da Tesla que depois de em março ter anunciado que a gigante automóvel aceitaria a Bitcoin, como forma de pagamento, voltou atrás com a decisão, “por razões ecológicas”.
Este movimento negativo, teve ainda a assistência das autoridades chinesas que apertaram o cerco às empresas de mineração e negociação de criptomoedas na China – responsável por cerca de 65% da mineração mundial da Bitcoin – uma resposta clara ao apelo do vice primeiro-ministro, Liu He, lançado na semana passada, durante o qual o número dois de Pequim pediu “uma atitude de repressão contra a especulação e negociação da Bitcoin”.
A Bitcoin está hoje nos 27 492,45 euros, segundo os dados da Coincap.