“Não e não”: Lagarde insiste que não é possível perdoar dívida pública na Zona Euro
Christine Lagarde recusou novamente a ideia de “perdão ou cancelamento de dívida na Zona Euro”, já que “não faz qualquer sentido económico e é proibido pelos tratados que regem o funcionamento da União Europeia”, explicou a presidente do Banco Central Europeu (BCE) em entrevista ao jornal francês “La Provence”.
“Não faz sentido, do ponto de vista económico, porque neste momento as taxas de juro estão extremamente baixas e depois porque mesmo que um país parasse de pagar as suas dívidas, os credores estariam reticentes em financiar outra que viesse a acontecer, como aliás foi o que ocorreu na Venezuela, na Argentina e no Líbano”, acrescentou Lagarde.
Para a ex-ministra francesa, o perdão da dívida é apenas “uma ilusão” e para explicar a sua ótica, Lagarde deu o exemplo da França. “A maior parte da dívida emitida por Paris e comprada em mercados secundários como parte da política monetária é registada no balanço do Banco da França”.
“Assim, se hipoteticamente fosse perdoada a dívida francesa, tal ato criaria uma lacuna contabilística que teria de ser preenchida por uma contribuição do governo ou por uma redução das receitas transferidas pelo Banco Central francês, para os cofres públicos”, explicou a presidente do BCE.
Questionada sobre se o BCE não poderia injetar diretamente dinheiro nas empresas e famílias, em vez de se socorrer aos bancos centrais, como intermediários, um mecanismo hipotético também conhecido pela imprensa como “helicóptero monetário”, a presidente da instituição financeira afirmou: “essa é uma questão para as autoridades que regem o orçamento da União Europeia, não para o BCE.