Registos de propriedade de carros usados dispara 22% (e vão continuar a subir)

Um estudo elaborado pelo portal Standvirtual revelou que o mercado de automóveis usados cresceu 22% em março, face ao mês homólogo de 2020, apesar da quebra de 15% registada no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o período homólogo de 2020.

“A escassez de veículos com preços até 10 mil euros tem sido um dos grandes obstáculos à realização de mais transações nesta fase”, referiu Pedro Soares, diretor comercial do Standvirtual, durante o Webinar promovido pela marca.

O CustoJusto.pt, outro destacado player da venda de artigos usados, revelou à Executive Digest que também sente esta escassez na pele, sobretudo nos segmentos de utilitários, carrinhas e clássicos. “Verificamos que tem havido uma maior abertura por parte dos clientes para negociarem os preços conforme o tipo de financiamento alcançado”, relata Pedro Furtado, diretor comercial da empresa.

Questionadas se esperam que os preços dos usados aumentem nos próximos trimestres, as empresas do setor são unânimes: apesar da ponderação reforçada que deve envolver qualquer análise económica em tempos de pandemia, tudo leva a crer que sim, até porque a atual realidade é uma premissa desse cenário.

Como lembra o diretor comercial do Custojusto.pt, “se abril foi um mês de muitas cautelas por parte dos profissionais que utilizam a nossa plataforma para vender os seus automóveis, maio já está a ser diferente. Já se notam sinais de retoma e de confiança na recuperarão do mercado.”

Pedro Furtado reforça a sua previsão com o aumento de investimento realizado na comunicação dos automóveis colocados para venda. “Comparativamente com abril de 2020, os nossos parceiros só do setor automóvel, investiram mais 70% em ferramentas de comunicação, o que nos faz acreditar que os próximos tempos serão mais risonhos para a economia portuguesa”, defende o responsável do CustoJusto.pt.

Para a Associação Portuguesa do Comércio Automóvel (APCA), a voz coletiva dos vendedores de veículos usados, a explicação para a subida do preço deste tipo de viaturas desde o último trimestre de 2020, é muito clara: “ as marcas produtoras de veículos estão com dificuldades em entregar carros novos e não conseguem renovar as frotas”.

As razões por trás desta realidade são complexas, mas é incontornável o impacto que a crise de semicondutores está a provar na indústria automóvel. Assim, a falta de semicondutores conjugada com o excesso de procura, motivada pelo desconfinamento global, tem feito do mercado dos usados o único meio possível para que particulares, empresas de aluguer como a Hertz e a Europcar, e até concessionários consigam adquirir automóveis.

Segundo um relatório publicado pelo UBS focado no mercado de carros usados nos EUA, é referido que não só os preços dos veículos usados subiram em abril entre 8,2% a 9,3%, como este foi o maior aumento mensal dos preços em 68 anos da história do mercado automóvel norte-americano. Esta subida segue a tendência de inflação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do mês de abril de 2,6%, de acordo com a Bloomberg.

De olhos postos no futuro, a UBS vai mais longe e garante que “os preços tanto de viaturas usadas como novas vão continuar a aumentar nos próximos meses”, acompanhando assim o aumento do IPC que se espera que bata nos 4,3% durante os próximos 12 meses, conforme as contas da agência americana de informação.

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