BCE não tem medo da Bitcoin mas alerta para o perigo das stablecoins
A volatilidade da Bitcoin preocupa alguns investidores, mas não é este o tipo de moeda que está a chamar a atenção do Banco Central Europeu (BCE). Segundo o El Economista, a instituição responsável por supervisionar o sector bancário não teme a Bitcoin ou outras criptomoedas semelhantes, mas sim as chamadas stablecoins.
As “moedas estáveis” visam reduzir a instabilidade tipicamente associada a activos digitais ao mesmo tempo que tiram partido dos seus principais benefícios – como a segurança e rapidez de processamento. Para conseguirem estabilidade de preço, apoiam-se em activos externos, como moedas físicas ou ouro, por exemplo.
A Diem é exemplo disso mesmo. Desenvolvida pelo Facebook – que num primeiro momento optou pela designação Libra – propõe ser uma alternativa aos pagamentos tradicionais.
«Devido à grande base de clientes do Facebook na União Europeia, a Diem poderia ser um meio de pagamento de adopção rápida e ampla. Se as autoridades da UE permitirem que o Facebook emita Diem, os riscos associados, tanto para os utilizadores como para a economia da Zona Euro, mudariam», afirma David Tercero-Lucas, investigador de Economia Aplicada da Universidade Autónoma de Barcelona.
Citado pelo El Economista, explica que as stablecoins não são emitidas por autoridades públicas e que, por isso, têm o seu próprio valor fiduciário, ou seja, têm o seu próprio sistema de unidade. Contudo, estão vinculadas a uma moeda legalmente estabelecida, como é o caso do dólar.
No mês passado, o BCE pediu formalmente aos legisladores europeus para que possa ter capacidade de veto sobre estes activos digitais. A ideia é que tenha poder para negar a autorização a um emissor de “tokens” quando o modelo de negócio desse mesmo emissor pode representar uma ameaça para a estabilidade financeira ou para a soberania monetária, por exemplo.
«As criptomoedas privadas (como a Bitcoin) não são usadas como meio de pagamento. A sua adopção, por outro lado, é cada vez maior, ainda que o motivo principal seja a especulação. No entanto, a adopção significativa de uma moeda não emitida pelo banco central (Como a Diem do Facebook ou outra stablecoin), algo que poderíamos definir como “dolarização digital”, poderia limitar a capacidade de resposta da autoridade em assuntos de política monetária e estabilidade financeira», esclarece David Tercero-Lucas.