A análise de Luís Ribeiro, administrador do novobanco
Num contexto global marcado por uma elevada incerteza e volatilidade, a economia portuguesa continua a beneficiar de uma perceção externa relativamente favorável, como comprovam as recentes revisões em alta do rating soberano por parte das agências S&P e Fitch, para A+ e A, respetivamente. Esta perceção resulta, sobretudo, de um crescimento consistentemente acima da média da Zona Euro, num quadro de estabilidade financeira, dada a expectativa de excedentes das contas externas e a redução do rácio da dívida pública (com saldos orçamentais em excedente ou, eventualmente, apenas em pequenos défices). Como é sugerido pelos resultados do inquérito, os impactos diretos adversos das tarifas dos EUA ou das guerras na Ucrânia e no Médio Oriente são, para já, pouco significativos. E as perspetivas de crescimento apresentam-se como moderadamente positivas. Dado o seu peso elevado na economia, o dinamismo dos serviços e, em particular, do turismo, sobrepõe-se aos custos das tarifas. O mercado americano é, aliás, um dos que apresenta maior crescimento no turismo. O desemprego mantém-se baixo, com o crescimento da população ativa a continuar a ser absorvido pelo emprego. E este contexto beneficia as contas públicas, através da forte subida das receitas fiscais e contributivas. Mas estes resultados precisam de ser consolidados e os desafios enfrentados pela economia portuguesa não deixam de ser significativos. O inquérito salienta a descida de impostos como prioritária neste próximo ano. Curiosamente, uma boa execução do PRR não é referida explicitamente. É fundamental que Portugal crie condições estruturais para acelerar a produtividade, ganhar competitividade e aumentar o peso das exportações. Neste sentido, a atração de bom investimento – com tudo o que isso implica – deve ser a prioridade.
Testemunho publicado na edição de Outubro (nº. 235) da Executive Digest, no âmbito da XLIV edição do seu Barómetro.














