O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, colocou esta quinta-feira a possibilidade de submeter a referendo a questão do controlo territorial no leste do país, num momento em que Kiev enfrenta crescente pressão dos Estados Unidos para aceitar os termos de um plano de paz em preparação para pôr fim à guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Em negociações cada vez mais intensas, Moscovo mantém a exigência de que a Ucrânia retire as suas forças do Donbass, região que engloba zonas de Donetsk e Luhansk que o exército russo não conseguiu capturar ao longo de quase quatro anos de invasão. Apesar das conversações em curso, Zelensky tem reiterado que não está disposto a ceder território ao Kremlin.
“O que os russos querem é todo o Donbass — e nós não aceitamos isso”, afirmou o chefe de Estado ucraniano, falando com jornalistas em Kiev. Zelensky acrescentou que a decisão final cabe à população ucraniana: “Acredito que o povo ucraniano responderá a esta questão. Seja sob a forma de eleições ou de um referendo, o povo ucraniano tem de se pronunciar.”
Washington, Kiev e Moscovo negociam modelos de zona especial
A questão do território continua a ser o ponto central das discussões tripartidas entre Washington, Kiev e Moscovo, enquanto os negociadores tentam aproximar-se de um possível entendimento. Segundo Zelensky, os Estados Unidos chegaram a discutir a criação de uma “zona económica livre”, enquanto a Rússia prefere o conceito de uma “zona desmilitarizada”.
“Os americanos estão a procurar um formato adequado”, disse o presidente. “Vamos ver como tudo isto evolui. Neste momento, acredito que muito depende do nosso exército.”
Aliados europeus debatem proposta e pressionam por consenso
Os aliados da Ucrânia analisam esta quinta-feira a versão mais recente do plano de paz, depois de os líderes da Alemanha, França e Reino Unido terem conversado com o presidente norte-americano, Donald Trump, na véspera. O chanceler alemão, Friedrich Merz, manifestou-se “relativamente otimista” quanto ao progresso possível até ao fim de semana, sublinhando que as partes procuram alinhar posições.
“Acima de tudo, trata-se das concessões territoriais que a Ucrânia está disposta a fazer — mas essa é uma questão que o presidente ucraniano e o povo ucraniano têm de decidir”, afirmou Merz, em Berlim, após reunir-se com o secretário-geral da NATO, Mark Rutte. Segundo o chanceler, essa mensagem foi transmitida diretamente a Trump.
Plano de paz está a ser revisto diariamente
Zelensky indicou que a sua equipa está a trabalhar “todos os dias” no projeto de enquadramento para um possível acordo, composto por 20 pontos. Na quarta-feira à noite, os negociadores ucranianos enviaram uma versão revista para Washington, salientando que o documento ainda não é definitivo.
“Este plano está a ser constantemente revisto e editado. É um processo contínuo que prossegue neste momento”, explicou o presidente.
Além das negociações para um cessar-fogo, Zelensky demonstrou confiança na possibilidade de Kiev e Washington assinarem um acordo económico destinado à recuperação pós-guerra e ao desenvolvimento do país. O dossiê está a ser coordenado com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, com Jared Kushner, genro do presidente Trump, e com Larry Fink, da BlackRock Inc.














