Pedro Reis comunica saída da AICEP

reis2O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Pedro Reis, confirmou a sua saída da instituição. Apesar de ter terminado o mandato em Dezembro, mantém-se em funções até à nomeação da nova administração. O responsável despede-se sublinhando a capacidade de quem está em cargos públicos para «reconhecer quando a nossa missão está cumprida e saber dar lugar a outros para que continuem o nosso trabalho».

Gestor com mais de vinte anos de experiência no sector privado, Pedro Reis tinha sido nomeado pelo primeiro-ministro para liderar a AICEP em Novembro de 2011. Escolhe assim não seguir para um segundo mandato à frente da agência. Apesar de o gestor não detalhar próximos projectos, o Jornal de Negócios noticiou que poderá estar no seu caminho a presidência da Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), a entidade criada pelo Executivo para gerir os fundos europeus para as empresas.

Leia abaixo a mensagem enviada por Pedro Reis aos seus contactos.

«Quando em Novembro de 2011 aceitei o convite do Sr. Primeiro Ministro para Presidente da AICEP, fi-lo com um sentido de missão muito claro: procurar ajudar o meu País numa hora difícil e dando o meu melhor numa frente onde acreditei, e acreditaram, que podia acrescentar valor, ou seja na ajuda empenhada à internacionalização da economia portuguesa quer na frente das exportações quer na frente da captação de investimento.

No dia em que confirmei publicamente que deixarei a presidência da AICEP em breve, estou muito grato pela oportunidade que me foi dada de servir a causa pública, muito grato por todo o apoio que recebi do Sr. Presidente da República e dos membros do Governo com quem mais directamente trabalhei, e aqui não posso deixar de destacar em particular a confiança que recebi desde a primeira hora quer do Sr. Primeiro Ministro que me escolheu quer do Sr. Vice Primeiro Ministro com quem trabalhei de forma próxima, muito grato pelo espantoso trabalho de toda a magnifica equipa da AICEP onde vim encontrar profissionais de alto gabarito e competência que provam que a Administração Pública nada fica a dever em qualidade ao sector privado, e muito grato acima de tudo a todas as empresas portuguesas e estrangeiras que exportam ou investem em Portugal e que dão um exemplo espantoso de tenacidade e profissionalismo ao lutarem com sucesso pelo mundo fora, dando assim uma ajuda nuclear para recuperar a economia portuguesa num dos seus momentos mais críticos e exigentes.

Sendo uma pessoa que trabalhou mais de vinte anos no sector privado, sempre entendi esta tarefa muito honrosa que me foi atribuída como algo necessariamente limitado no tempo. Acredito que não podemos somente exigir que o nosso País seja bem dirigido e, ao mesmo tempo, não estarmos dispostos a fazer uma entrega total a um desafio quando tal nos é pedido, nomeadamente num momento tão sensível e numa frente tão critica como é a de ajudar a internacionalização da nossa economia. No entanto, penso igualmente que devemos ser desprendidos quanto a cargos e a funções, ter a independência de espirito de reconhecer quando a nossa missão está cumprida e saber dar lugar a outros para que continuem o nosso trabalho. Na vida tenho procurado nortear-me sempre por estes princípios: servir Portugal quando é mais necessário, saber sair sem estar “agarrado” a lugares quando tal se impuser na nossa consciência.

Nesta hora da despedida, o meu sentimento é de enorme orgulho pelo que a AICEP conseguiu fazer ao longo destes anos. Sabendo bem que não há líderes sem equipas, não há cumprimento de objectivos sem esforço conjunto, não há missões atingidas sem profundo trabalho colegial. Ao longo destes anos, com horas bem difíceis passadas devido ao momento que a nossa economia viveu e aos danos reputacionais que no início carregávamos, foi sempre um enorme e decisivo estímulo para mim as centenas de mensagens que recebi de empresários e investidores, nacionais e estrangeiros, em Portugal e por todo o mundo por onde andei, a reconhecer o mérito do trabalho da AICEP: na capacitação das empresas para exportar, no apoio ao investimento, na informação qualificada prestada, na organização de centenas de missões ao estrangeiro e de missões inversas a Portugal, na activação no concreto da diplomacia económica em conjunto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e em particular com os Embaixadores que Portugal tem a sorte de contar ao seu serviço, na captação de investimento e no debelar de custos de contexto com que os investidores ainda se confrontam através da articulação próxima com o Ministério da Economia, na contratualização de milhões de euros em investimento para o nosso País.

Tenho hoje bem claro, porque constantemente referido pelos milhares de gestores e empresários com quem lidamos, que a AICEP tem um papel fulcral na ajuda à economia privada ao acrescentar valor às nossas empresas: essa é a verdadeira função de um organismo como a AICEP, estar à altura do trabalho espantoso que os nossos exportadores e investidores cimentam todos os dias. No fundo, ajudar as empresas a ajudarem Portugal a voltar a crescer. Não se pode pedir menos ao Estado numa altura em que os portugueses têm feito tantos sacrifícios: que actue com competência, com profissionalismo, com transparência e com rigor.

Diria que algo que correu particularmente bem neste período, e tal é mérito das nossas empresas, foi o comportamento das nossas exportações e, em particular, a diversificação de mercados que se acentuou claramente nestes últimos anos. A economia exportadora portuguesa deu uma prova de força quando mais precisávamos dela: não por favor mas por valor conquistou os mercados mais exigentes, afirmando-se como muito sólida e inovadora nos mais variados sectores; desde os sectores tradicionais que se souberam reinventar para recuperar mercados e conquistar novos, até aos sectores âncora que têm empresas líderes a nível mundial, passando por novos sectores de ponta ao nível tecnológico que se afirmam crescentemente no mercado mundial e estão a ganhar quota de mercado com base na qualidade e na Investigação e Desenvolvimento.

Devo dizer que, ao visitar dezenas de mercados por todo o mundo, sempre senti que as nossas empresas são muito respeitadas e comparam perfeitamente com o que de melhor vi no mundo em termos de qualidade de gestão e de qualidade de oferta.

Acredito ainda que, além das dezenas de contratos de investimento que celebrámos, muito do trabalho que fizemos ao longo destes anos se irá materializar em novos e importantes investimentos nos próximos meses: agora que é reconhecido internacionalmente, e não foi sempre assim, que fizemos reformas estruturais muito corajosas, que vamos ter uma saída com êxito do Programa de Assistência Financeira, que reunimos uma série de argumentos poderosos para captar mais investimento (a nossa centralidade geoestratégica, o nosso acesso privilegiado a mercados em África e na América Latina, a qualidade das nossas infraestruturas logísticas e de comunicação, a intenção de nos tornarmos mais competitivos a nível fiscal, o acerto da legislação laboral e, acima de tudo, a qualidade espantosa dos nossos recursos humanos), acredito que virá uma nova vaga de investimento para Portugal nos próximos tempos, até porque a nossa economia é hoje muito competitiva como é reconhecido internacionalmente e isso necessariamente traduzir-se-á, mais cedo do que tarde, em mais investimento em Portugal.

Portugal tem um grande futuro pela frente: assim saibamos todos pedalar na mesma direção, concentrarmo-nos no essencial, entendermo-nos sobre o prioritário.»

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