O que esperar de 2024?: Rui Ferreira, CEO da Portugal Ventures

Testemunho de Rui Ferreira, CEO da Portugal Ventures

1. Que alterações perspectiva que possam vir a impactar o seu sector em 2024?

Para 2024 iremos continuar com muitas incertezas no mercado que para o capital de risco poderá significar a menor disponibilidade dos investidores, não pela qualidade dos projectos/startups, mas sim pelo maior cuidado a cada investimento que possam concretizar. Esta situação deve-se a um conjunto de situações bem conhecidas por todos nós: as pressões das taxas de juros, da inflação, a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente e ainda a preparação das eleições nos EUA.

Portugal através do Plano de Recuperação e Resiliência, apresenta soluções de Venture Capital, dinamizados por outros parceiros de capital de risco, o que irá permitir manter o investimento alavancando cada vez mais o co-investimento que será fundamental para continuar a apoiar mais startups com o foco na sustentabilidade dos seus negócios, e na internacionalização.

2. E para a sua empresa em particular, quais os maiores desafios?

A Portugal Ventures tem como missão colmatar as falhas de mercado existentes no ecossistema empreendedor, e para continuar a responder a estas necessidades mantemos o trabalho contínuo e de proximidade com o Banco Português de Fomento, nosso accionista maioritário, para viabilizarmos os instrumentos necessários. Em 2024 iremos dinamizar o Fundo de Venture Capital, anunciado no fim de 2023 pelo Banco Português de Fomento, e que em breve daremos novidades. Iremos manter ainda o investimento no sector mais importante para a nossa economia, o Turismo, com o objectivo de crescer o sector e aumentar a competitividade turística de Portugal. Uma das iniciativas com maior impacto desde 2020, foi a Call INNOV-ID que investe numa fase muito inicial dos projectos, e do qual estamos a trabalhar com o nosso parceiro de investimento desta iniciativa, Agência Nacional de Inovação, para que seja possível realizar mais edições e continuarmos a responder a esta falha de mercado que será contante. Para além da componente de investimento, é crucial o acompanhamento próximo junto do portefólio, para que possamos igualmente encontrar soluções para os problemas que possam existir nas suas diversas áreas de actuação, e em conjunto alcançar os objectivos propostos.

3. Atendendo ao actual contexto, que expectativas a nível macroeconómico para Portugal?

Neste momento será difícil de sinalizar quais as expectativas macroeconómicas para Portugal. Estamos em fase de eleições, o que por si será sempre um momento de incerteza para as empresas nacionais na política económica que poderá ser adoptada. E obviamente que o clima internacional de instabilidade terá consequências no mundo inteiro. Será um trabalho diário na gestão de expectativas, mas com a certeza que neste momento será importante manter o cumprimento dos objectivos do PRR, crucial no crescimento e dinamização da economia nacional e na captação de investimento internacional.

Testemunho publicado na revista Executive Digest nº 214 de Janeiro de 2024

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