O que esperar de 2024?: Raul Magalhães, Presidente da Aplog

Testemunho de Raul Magalhães, Presidente da Aplog

1. Que alterações perspectiva que possam vir a impactar o seu sector em 2024?

Em tempos em que a previsibilidade é reduzida o exercício torna-se difícil, mas destacaria:

  • A nível externo

As reduzidas expectativas para o fim dos dois conflitos que neste momento assolam o mundo, Ucrânia e Médio Oriente. Devemos contar com os impactos ao nível das matérias-primas, energia e cereais. O segundo conflito já está a condicionar o comércio internacional pelos problemas de circulação no Mar Vermelho, com consequências ao nível do preço dos fretes marítimos, alterações de rotas e respectivo impacto nas cadeias de abastecimento. Realçar que estas situações, como vimos num passado recente, requerem tempos de recuperação longos.

  • A nível interno

Controlo da inflação, o comportamento descendente deverá manter-se salvo um agravamento da situação internacional com impactos nos produtos petrolíferos. Decisão sobre o aeroporto de Lisboa (NAL), relevante de per si mas também com incidência em outras obras e investimentos em infra-estruturas. Cumprimento sem mais atrasos do Plano Ferroviário. Execução das iniciativas do âmbito do PRR, que mesmo que indirectamente são relevantes para as empresas e economia do País. O esforço que as empresas colocarão na transição energética em particular na área da Logística, marcará seguramente a agenda do próximo ano. O reforço da digitalização e a capacitação dos recursos humanos serão outros desafios para o sector.

2. E para a sua empresa em particular, quais os maiores desafios?

A Aplog teve este ano um reforço considerável no numero de associados, reforçando também a transversalidade dos sectores representados. Estamos certos que para isso terá contribuído o esforço na realização de eventos mais especializados; Logística da Saúde, Cidades e Logística, Logística de Frio, Imobiliário Logístico e Jornada Téxtil. Estas iniciativas que voltarão a realizar-se no próximo ano, pretendem dar visibilidade a áreas específicas da cadeia de abastecimento ou a sectores de actividade que possuem especificidades, processos e desafios muito particulares. Em todas elas conseguimos reunir os stakeholders mais representativos e partilhar projectos e inovações com impacto nas empresas e nos cidadãos.

Contamos também no próximo ano reforçar a colaboração com as instituições académicas, através da realização de iniciativas comuns, assim como prosseguir as acções de formação para quadros e executivos ligadas à Logística e Supply Chain.

3. Atendendo ao actual contexto, que expectativas a nível macroeconómico para Portugal?

Em termos macro o próximo ano estará marcado pela esperada e desejada clarificação política, que possa permitir uma solução governativa estável, condição necessária para a realização das reformas que o País carece em particular na Saúde, Habitação e Educação.

Esperamos uma maior atenção às empresas não só através do reforço dos apoios, nomeadamente aos investimentos relacionados com a transição energética, críticos neste sector, mas também na estabilidade das políticas fiscal e laboral.

A concretização das obras previstas, quer na ferrovia quer ao nível do NAL, sempre que possível consensualizados em termos políticos e técnicos, deverá ter como objectivo o cumprimento de prazos e eficácia dos investimentos.

A Sustentabilidade em sentido lacto será uma realidade cada vez mais presente na estratégia das empresas.

Testemunho publicado na revista Executive Digest nº 214 de Janeiro de 2024

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