O que esperar de 2024?: Nuno Ferreira Morgado, Partner da PLMJ Advogados

Testemunho de Nuno Ferreira Morgado, Partner da PLMJ Advogados

1. Que alterações perspectiva que possam vir a impactar o seu sector em 2024?

O sector jurídico tende a ser especialmente resiliente aos diferentes ciclos macroeconómicos. Assim, mesmo com as condicionantes internas do país e a instabilidade mundial, antecipamos que 2024 venha a ser mais um ano de crescimento de trabalho nos sectores que mais estão a mexer, ou seja, o sector tecnológico, a transição energética. Também antecipamos que 2024 vai trazer enormes desafios na adaptação das realidades laborais ao paradigma da inteligência artificial e o aprofundamento da transição das relações de trabalho que a pandemia acelerou e que trouxe mudanças substanciais, nomeadamente o teletrabalho e modelos de colaboração mais flexíveis.

2. E para a sua empresa em particular, quais os maiores desafios?

Todo o sector enfrenta desafios muito interessantes e estamos entusiasmados em particular com o impacto muito positivo que algumas disrupções terão na nossa actividade. Estou a pensar na aceleração da transformação digital e a preparação para a incorporação da inteligência artificial na nossa actividade, de modo a não só maximizar a eficiência como na retenção de valor. Para isso é indispensável preparar as nossas equipas, tanto de produção como de gestão, para a adopção de ferramentas que nos permitam o máximo aproveitamento desta nova realidade.

3. Atendendo ao actual contexto, que expectativas a nível macroeconómico para Portugal?

2024 é um ano que começa com muitas incertezas e focos de tensão de várias ordens, nomeadamente económica e geopolítica. A estes soma-se a crise política nacional, que certamente cria um clima de impasse nos primeiros meses do ano. Dito isto, e mesmo num cenário nacional e internacional de instabilidade, a verdade é que Portugal continua a ser um destino atractivo para investimento e contamos que isso se mantenha, mesmo que o enquadramento macroeconómico não seja o mais robusto. Sublinhamos também que os fundos vindos do PRR terão impacto na forma como o mercado nacional vai mexer, pois vão aumentar o investimento público, nomeadamente nos serviços e equipamentos, transição energética e climática, descarbonização da economia, entre outros. Sem prejuízo destas perspetivas mais optimistas, vemos claramente também uma redução substancial do consumo e um resfriar da economia que trazem riscos significativos para o emprego. É fundamental que as empresas tenham um plano para vários cenários, já que o país parece não ter.

Testemunho publicado na revista Executive Digest nº 214 de Janeiro de 2024

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