Banca europeia acelera venda de crédito
Os bancos europeus vão acelerar a venda de carteiras de créditos para intensificar o processo de desalavancagem dos próximos anos. A banca portuguesa deverá também aumentar a venda destes créditos.
Em processo de reforço dos seus capitais, a banca europeia deverá dar mais um passo no sentido da consolidação, com o reforço da desalavancagem. A consultora PwC aponta que as transacções das carteiras de créditos entre bancos já registaram um aumento, que deverá continuar nos próximos anos.
As instituições europeias deverão vender 50 mil milhões de euros nestes activos em 2012 e 500 mil milhões de euros entre 5 e 10 anos. Em 2011, a venda de carteiras de créditos entre bancos europeus foi da ordem dos 30 mil milhões de euros. A PwC calcula que estas instituições tenham nos seus balanços mais de 2,5 biliões de euros em empréstimos não essenciais (non-core) e que estes serão os primeiros a vender.
Em Portugal, o estudo aponta que os bancos deverão seguir a tendência, aproveitando o maior interesse dos investidores por mercados como o português e o irlandês. Ainda assim, “o Reino Unido, a Alemanha e a Espanha vão continuar a dominar o mercado nas vendas de carteiras de crédito”.
A maior “taxa de rentabilidade” das carteiras de crédito dos bancos portugueses poderá ser atrair os investidores para o mercado português, aponta o analista Nasser Sattar, partner da PwC, citado pelo Público. As instituições financeiras nacionais estão sujeitas ao cumprimento de metas de desalavancagem, como a redução do rácio de transformação de depósitos em crédito para o máximo de 120% até 2014, o que não significa, para Sattar, que os bancos possam vender ao “desbarato” estes activos, uma vez que existem outras alternativas.
As carteiras de créditos que deverão ser vendidas pelos bancos europeus pertencem a projectos como os de infraestruturas, pondera o estudo, reservando-se assim manobra para conceder empréstimos a empresas.
O estudo da PwC baseia-se num inquérito a 50 grandes investidores activos neste mercado que revelam a intenção de aumentar os seus investimentos. Os investidores esperam que o pico da venda de créditos seja alcançado em 2013, período de menor pressão para os bancos depois das injecções de liquidez europeias de 2011 e 2012.