Os desafios e as oportunidades da COP26 para o setor privado
A insuficiência do investimento público para o combate às alterações climáticas foi um ponto consensual na COP26.
“Nem a China, nem os EUA, nem qualquer Governo do mundo tem dinheiro para fazê-lo”, defendeu o enviado especial dos Estados Unidos para o Ambiente, John Kerry, aludindo ao papel do capital privado para que os Governos consigam cumprir a meta de canalizar 100 mil milhões de euros para o combate às alterações climáticas.
Contudo, este valor fica muito longe das estimativas da ONU, que aponta para entre 2,6 biliões e 36 biliões de euros necessários para limitar o aumento da temperatura de 1,5 ºC, segundo o ‘Cinco Días’.
Redigido após 14 dias de negociações durante a cimeira do clima na Escócia, o Pacto Climático de Glasgow foi assinado por quase duas centenas de líderes e destaca-se por ser o primeiro na história da COP a mencionar explicitamente a necessidade de reduzir o uso do carvão, além de prever medidas sobre aumentos de financiamento verde e a participação do setor privado em mais de 30% das suas cláusulas; além disso, propõe reduzir as emissões em 45% face a 2010.
O documento regula de forma mais precisa “as regras fundamentais” dos mercados de carbono, que permitem que países, organizações ou empresas que precisam de compensar as suas emissões comprem excedentes de países que avançaram mais na descarbonização.
De acordo com a ONU, o marco regulatório acordado em Glasgow “dará certeza e previsibilidade às abordagens de mercado” diante da desordem que existiu até agora para quantificar as contribuições, com os membros a concordarem com uma “Estrutura de Transparência Aprimorada, que fornece tabelas e formatos acordados para contabilizar e relatar as metas e emissões”.
Um desses exemplos é o sistema de compensação global para companhias aéreas – CORSIA -, para o qual as companhias devem enviar créditos de redução de emissões para compensar qualquer aumento nas descargas de CO2 acima dos níveis do ano passado.
A Delta, por exemplo, revela ter alocado 26,47 milhões de euros (30 milhões de dólares) para o seu portefólio de compensação para mitigar os 13 milhões de toneladas métricas de carbono que emitiu em 2020.
Nesse sentido, o acordo de Glasgow tornará o programa CORSIA mais rigoroso e focado na promoção de “combustíveis sustentáveis”.
Os principais bancos ocidentais aderiram à Glasgow Financial Alliance for Net Zero (NZBA), que reúne mais de 90 instituições bancárias tendo em vista “apoiar a rápida transformação da economia global”, entre os quais o JP Morgan, Goldman Sachs, Santander e BBVA.
Bill Gates lançou o Programa Catalyst, uma iniciativa que visa promover a investigação e o desenvolvimento de energia renovável, combustível de aviação sustentável e armazenamento de energia, integrante do fundo Breakthrough Energy Ventures, no qual participam Jeff Bezos e Richard Branson, e que arrecadou mais de 1,76 mil milhões de euros (2 mil milhões de dólares) com o objetivo de reduzir os custos da tecnologia verde.