Filantropia genuína ou publicidade? Bilionários doam cada vez mais dinheiro

A pandemia acentuou o fosso entre os mais ricos e os menos abastados, e isso trouxe para a ordem do dia a importância da filantropia entre os detentores de fortunas astronómicas.

Além disso, os divórcios mediáticos entre dois dos casais mais ricos do mundo tiveram impacto ao nível das doações. Um deles é o de Bill e Melinda Gates, que está a ter consequência na fundação do casal, uma das mais importantes do mundo, avaliada em 50 mil milhões de dólares.

Também desde que se divorciou de Jeff Bezos, MacKenzie Scott doou quase seis mil milhões de dólares para instituições de solidariedade, enquanto o ex-marido prometeu 10 mil milhões de dólares para um fundo de combate às alterações climáticas.

Mas mesmo os bilionários relativamente mais recentes estão a fazer doações avultadas e surpreendentes. É o caso de um dos criadores da criptomoeda Ethereum, que doou Shiba Inu – uma criptomoeda – no valor, à época, de cerca de mil milhões de dólares para um fundo de apoio ao combate à covid-19 na Índia.

Filantropia genuína ou publicidade positiva?

As doações de Bill Gates, por exemplo, ajudaram a mudar a sua reputação de CEO implacável de uma empresa cujos produtos monopolizavam o mercado, para um filantropo ‘geek’ ansioso por resolver os problemas do mundo.

“Os filantropos recebem muita atenção positiva”, explicou a diretora do Centro de Investigação em Sociologia Económica e Inovação da Universidade de Essex. “Começamos a suspeitar que as pessoas que têm biliões de dólares não têm um verdadeiro interesse em resolver estes problemas”, disse Linsey McGoey à Bloomberg.

O casal Gates, a par do amigo Warren Buffett, mudaram a perceção da opinião pública em relação aos milionários quando prometeram doar a maior parte da sua fortuna, em vida e após a sua morte, o que atraiu centenas dos mais ricos do mundo a seguir o mesmo exemplo.

Elon Musk pediu publicamente no Twitter ideias para doar a sua fortuna de de 172 mil milhões de dólares. E Bezos fez o mesmo em 2017.

Scott adotou uma abordagem diferente, distribuindo seu dinheiro entre centenas de instituições menos conhecidas, muitas vezes esquecidas por grandes doadores, como escreve a Bloomberg.

O bilionário indiano Azim Premji prometeu em 2019 transferir cerca de 7,5 mil milhões de dólares em ações de sua empresa para a sua fundação. No ano passado, o cofundador da Nike, Phil Knight, doou 900 milhões de dólares também para sua própria fundação.

O ex-CEO da Google, Eric Schmidt, e a sua mulher, doaram 150 milhões de dólares para investigação em biologia e inteligência artificial.

Segundo a Bloomberg, alguns bilionários optam por usar entidades como fundações que lhes permitem ‘estacionar’ dinheiro e obter os benefícios fiscais imediatos da doação, e decidir mais tarde para onde enviar os montantes.

Os bilionários deverão continuar a tentar dar brilho à sua reputação através de atos filantrópicos.

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